ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A estética sonora em Lucrecia Martel: os elementos sonoros como constituintes da narrativa |
|
Autor | Natalia Christofoletti Barrenha |
|
Resumo Expandido | O trabalho se baseará no desenvolvimento do projeto de mestrado da participante - "A ESTÉTICA SONORA EM LUCRECIA MARTEL: Os elementos sonoros como constituintes da narrativa nos filmes O pântano, A menina santa e A mulher sem cabeça" -, em fase inicial no presente momento, já que a participante ingressou no mestrado com essa proposta em março/2009.
A cineasta Lucrecia Martel - um dos expoentes do Nuevo cine argentino, momento de renascimento da indústria cinematográfica argentina, ocorrido a partir da segunda metade da década de 90 - se destaca devido ao uso que faz do som (e da ausência dele) em suas obras. Seus filmes trabalham o som como uma matéria significante, que tem autonomia com relação à imagem, ou que a dota de novas dimensões (AGUILAR, 2006). "A diretora privilegia o som como elemento mais forte que a própria imagem e faz da voz humana e dos barulhos do ambiente as marcas estéticas do filme. Propõe, assim, uma estética sonora, em detrimento de uma estética puramente visual. (...) A utilização do áudio, por vezes, dissociado da imagem, funciona como um mecanismo de adensamento de uma tensão, de um sentimento. (...) Os personagens vêem e sentem coisas que não aparecem na tela, obrigando o espectador a imaginar. A diretora pontua essas ausências com sons, em grande parte dos casos. (...) É o desenvolver máximo de uma estética cinematográfica que privilegia o áudio" (REBOUÇAS, 2006). Segundo Lucrecia, "O som é uma vibração. Por isso, é algo invisível que chega aos ouvidos, chega à pele - é táctil. Essa qualidade táctil do som é uma coisa privilegiada. No cinema há a possibilidade de estar tocando todo o corpo, diferente do papel ou de qualquer outra arte. O cheiro, tudo que é táctil, tudo que é físico, é mudado pela percepção do som" (entrevista com a cineasta realizada em julho/2008). Dessa maneira, Lucrecia enfatiza o som como o maior responsável pela característica sensitiva de seus filmes. Ela afirma, por exemplo, que “durante as filmagens de O pântano fazia muito frio; porém, ao ver o filme, é passado um forte desconforto devido à sensação de calor – sensação esta causada pela utilização do som”. Assim como se pode perceber nas obras de Martel (e de outros diretores que trabalham o som de forma diferenciada, como Theo Angelopoulos), o som não é só um complemento estético para os filmes, como fornece novas formas de se narrar e enriquecer o cinema. Entre a arquitetura sonora e o universo da imagem propriamente dito existe uma unidade audiovisual, uma íntima conexão, a qual traduz a própria concepção relacional do processo criativo cinematográfico. Dessa forma, há uma espécie de elo ou mesmo uma intrínseca correspondência que se revela por conjunção ou antítese, harmonia ou desarmonia, simetria ou assimetria, etc., entre a imagem e o som. A investigação avaliará os processos de produção de sentido adotados pela cineasta a partir de conceitos elaborados por teóricos do cinema, verificando as relações existentes entre o conteúdo sonoro e imagético, e redimensionando a importância que o som – como componente narrativo – admite em sua obra. |
|
Bibliografia | AGUILAR, Gonzalo. Otros mundos: Un ensayo sobre el nuevo cine argentino. Buenos Aires: Santiago Arcos, 2006.
|