ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Painel da Vera Cruz: cinema e arte na cidade de São Paulo dos anos 50 |
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Autor | Rosana Elisa Catelli |
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Resumo Expandido | Em 1949, Alberto Cavalcanti aceita o convite de Assis Chateaubriand para lecionar um curso de cinema no Museu de Arte de São Paulo. É o retorno de Cavalcanti ao Brasil, que resultará no seu ingresso na recém criada Companhia Vera Cruz, como produtor geral. Apesar de sua grande experiência com o documentarismo britânico, Alberto Cavalcanti, no Brasil, terá poucas participações com o gênero, sendo uma delas a produção do documentário Painel, dirigido por Lima Barreto, em 1950. Painel trata, de forma didática, de um mural realizado por Candido Portinari sobre a Inconfifência Mineira, para a cidade de Cataguases.
Podemos dizer que Painel é um documentário artístico, gênero que se desenvolverá na década de 1950 em São Paulo e que estabelece uma ponte entre as atividades desenvolvidas pela elite paulista em torno da criação dos Museus de Arte e a atividade cinematográfica. Nosso objetivo é justamente explorar esse vínculo entre a produção documentária no período e a gestação das instituições de Arte na cidade de São Paulo. Em 1947 foi criado o Museu de Arte de São Paulo e em 1949, nesse museu começam as atividades relacionadas ao cinema com o Seminário de Cinema e o Centro de Estudos Cinematográficos, que foi responsável por uma série de cursos e palestras. Ali também aconteceu, em 1950, o Primeiro Congresso Brasileiro de Clubes de Cinema que pretendia fundar a Federação do Cineclube do Brasil. Em 1948 foi criado o Museu de Arte de Moderna de São Paulo (MAM), que também abrigará atividades cinematográficas como cursos, exibições de filmes e festivais de cinema. E ainda em 1949, foi criada a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que alterou o cenário cinematográfico em São Paulo. Nesse período surgiram outras companhias que auxiliaram a formação de uma indústria de cinema na cidade como a Maristela e a Multifilmes. A Vera Cruz tinha a pretensão de criar um novo padrão estético e técnico para o cinema nacional, para isso formou um quadro de profissionais de alto nível como era o caso de Alberto Cavalcanti, que por sua vez contratou técnicos europeus para compor a companhia. A respeito dessa ebulição cultural na cidade de São Paulo, já existem pesquisas que se tornaram referências, como é o caso de “Burguesia e Cinema” de Maria Rita Galvão e “Metrópole e Cultura” de Maria Arminda do Nascimento Arruda, apenas para citar alguns, já que a bibliografia é bem mais extensa. Entretanto, pretendemos nos deter mais específicamente na produção e exibição de documentários no período, associada à essa prática cinematográfica nos recém criados museus de São Paulo Ao percorrermos algumas páginas da revista Cena Muda (1921-1955) pudemos verificar algumas matérias pertinentes à nossa proposta, citamos: exibição do filme de Benedito J. Duarte no Centro de Estudos Cinematográficos do MASP (1950), Marcos Margullés realizou o documentário “Os Tiranos”, produzido pelo MAM, Mostra de Filmes de 1952, patrocinada pelo MAM e pelo Centro de Estudos Cinematográficos, no qual foram exibidos documentários como “O Painel” e “O Santuário” de Lima Barreto. Para essa mostra foi organizado um programa de todas as obras exibidas e com artigos de Ademar Gonzaga, Almeida Sales, Rudggero Jaccobi e Marcos Margulies. É nessa confluência entre museus e cinema que pretendemos investigar a produção documentária no período, em especial o documentário de Lima Barreto intitulado Painel (1950). Trabalharemos com a idéia de campo artístico, tal como formulada por Pierre Bourdieu, para o qual o campo é um espaço de produção cultural em que indivíduos competem pelo monopólio da produção artística, regidos por critérios de percepção estética. Também utilizaremos a análise de Sandberg (2004) sob os museus do folclore, no qual ele menciona a idéia de institucionalização das formas de ver, processo iniciado a partir do século XIX. Instituições aparentemente distantes, como museus, revista, publicidade e inclusive o cinema teriam propiciado a formação de uma cultura visual. |
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Bibliografia | ARRUDA, M.A.N.Empreendedores culturais imigrantes em São Paulo de 1950. São Paulo: Revista Tempo Social, 2005.
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