ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Adaptando o trágico: o 'Pagador de Promessas' no cinema e na televisão |
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Autor | Igor Sacramento |
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Resumo Expandido | O objetivo deste artigo é apresentar os primeiros resultados do estudo das adaptações cinematográfica (de 1962, com direção de Anselmo Duarte) e televisiva (de 1988, com direção de Tizuka Yamasaki, para a TV Globo) da peça "O Pagador de Promessas", escrita por Dias Gomes em 1959 e encenada em 1960, a partir da comparação dos modos como filme e minissérie dramatizam a trajetória trágica de Zé-do-Burro. Para isso, incio, aqui, a proposta de uma "análise estética da adaptação" que não unicamente considere a estrutura poético-narrativa de uma determinada obra a partir dela mesma, mas que também considere a ambiência ideológico-afetiva das práticas de expectação e reconhecimento. Nesse caso, será considerado um “espectador privilegiado” (a crítica jornalística, nominalmente). Assim, será possível dar conta de como se desenvolvem os juízos de gosto, assim como os sentidos, as práticas e as disputas pelos parâmetros de reconhecimento da adaptação. Depois desse breve convite à reflexão, serão analisadas, mais detidamente, as diferentes práticas de produção e de recepção constitutivas do filme e da minissérie em relação à peça e seus contextos. Com isso, serão trabalhadas tanto a dialética entre mudanças e permanências na estrutura poética de cada uma das adaptações, entre si e em relação à peça adaptada quanto o processo de consagração de Dias Gomes, o "autor do original", em detrimento dos seus adaptadores. Na análise das adaptações, especial atenção será dada para a dramatização da morte de Zé-do-Burro e para as reassimilações das questões sociais tratadas na peça (reforma agrária, luta de classes, segregacionismo religioso, desigualdade e opressão sociais) no contexto de realização das adaptações. No caso do filme, embora a direção de Anselmo Duarte tenha procurado "filmar a peça", a adaptação foi acusada pela crítica jornalística da época de "despolitizar" a peça. Já, no caso da minissérie, o tema do segregacionismo religioso foi substituído pelo sincretismo e a discussão sobre a reforma agrária, suprimida para o cumprimento de exigências da Censura Federal. Além desses, serão mencionados outros fatos que fizeram a crítica jornalística desmerecer o trabalho das adaptações a favor do "autor do original". |
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Bibliografia | BAKHTIN, Mikhail. "Questões de literatura e estética: a teoria do romance". São Paulo: Hucitec, 1998.
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