ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | O poder do local: sertão e nação no cinema brasileiro contemporâneo |
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Autor | diogo cavalcanti velasco |
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Resumo Expandido | A globalização é um fenômeno que se insere nos processos sócio-político-culturais característicos da atualidade. Por meio de sua influência, tornou-se possível evidenciar uma renovação semântico-conceitual de categorias antes consolidadas pela modernidade (tempo, espaço, território, Estado, Nação, entre outros). Uma prova disso é a reprodução dessa transformação em produtos simbólicos variados, como no cinema, teatro, música, artes plásticas, etc... Este ensaio busca a análise destas ressignificações em obras do cinema contemporâneo brasileiro, especialmente da categoria nação e suas formas de representação no espaço simbólico sertão nordestino. A relevância se dá pela necessidade de compreender como a integração-desintegração, fenômeno dialético característico de processos globalizantes, influencia na representação imagética de tal espaço em nosso país. Espaço que esteve presente na campanha dos mais diversos projetos de nação realizados no Brasil desde 1910. Para isso, é necessário o foco em filmes atuais que possam incitar e tornar esta problemática evidente: “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), de Marcelo Gomes, “Árido Movie” (2006), de Lírio Ferreira, “O céu de Suely” (2006), de Karim Ainouz e “Deserto Feliz” (2007), de Paulo Caldas. Esses filmes se encontram na perspectiva de discussão acerca do recrudescimento do local, contraface da globalização, que vem se mostrando necessária para a afirmação de qualquer nação pertencente ao mundo.
Essa abordagem do “espaço" nordestino é proposta em sua conexão não apenas territorial, física, mas também cultural, social e simbólica. Leva-se em conta a adoção de um sentido do espaço fílmico plural, de acordo com Francastel (idem, p.170) e de um espaço fílmico que não é primordialmente físico, como afirma Menezes (1996, p.87). A atual familiarização do espectador - ou a falta desta – dos espaços e figuras típicas nacionais nas imagens cinematográficas, como o sertão nordestino, só se torna possível devido à relação existente entre o seu imaginário, sua memória e as coisas e pessoas que se projetam diante de seus olhos. Seguindo o pensamento de Menezes (1996, p.84), isso se dá por meio da representificação, que advém da relação objeto-observador ao manipular a fotografia, que significa estar novamente em presença de. Com o cinema, o processo não é diferente. Segundo ele (idem, p.89), a magia deste meio está na construção a partir da realidade e da diferença desta, mas que só pode ser assegurada pela representificação. A representificação constrói novas significações. Tollentino (2001) escreve que, apesar de parecer um retrocesso para a História, que se vincula ao relato linear e preponderante de uma urbanização em seu desenvolvimento, o estudo do rural (que abrange os sertões) a partir da cinematografia sempre foi importante. Ainda segundo a autora, o rural é um plano central de representação do cinema brasileiro, que propõe a interpretação da nacionalidade, de acordo com o projeto de nação com o qual dialoga. Então, se o cinema brasileiro deu subsídios para uma discussão sobre nação, cultura e identidade nacional desde o seu surgimento, é relevante o estudo de como um espaço típico de identificação brasileira no mundo, os Sertões nordestinos, está sendo utilizado no momento em que a categoria nação e suas derivações estão sendo debatidas e ressignificadas. Essa análise será realizada por meio da metodologia de Pierre Sorlin, importante teórico na busca do entrecruzamento de questões sociológicas e cinematográficas. Seu método busca a análise de um conjunto de filmes visando suas temáticas principais, os pontos de fixação, como é o caso de reflexões sobre o espaço nordestino, que constroem uma leitura das obras para a sociedade, uma representação, o que se deixa ver a partir desse conjunto de filmes de um período. |
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Bibliografia | BAUMAN, Zigmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2000.
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