ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | O Mandarim, de Bressane nos ajudaria a conceituar o campo documental? |
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Autor | Iara Helena Magalhães |
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Resumo Expandido | A tentativa de responder a esta indagação nos levou a redigir um encontro hipotético - após a exibição do filme O mandarim - numa sala vip com pouca luz encontraram-se quatro estudiosos de cinema, Jean-Luc Godard, o filósofo Gilles Deleuze, o professor pesquisador de cinema Fernão Ramos e um mediador, estudante de cinema. Falamos através deles, criamos uma situação em que os quatro personagens analisam o filme O mandarim, de Bressane, ora ultrapassavam as fronteiras das teorias, ora dos conceitos, provocando-nos a pensar. O ponto de partida da conversa desencadeado pela pergunta, “esse filme nos ajudaria a conceituar o campo documental?”, provocou reflexões sobre os processos de produção em arte; sobre a arte como matéria de expressão; e, nos conduziu ao estabelecimento de um ponto, de um centro, o conceito de ritornelo, desenvolvido por Gilles Deleuze e Felix Guattarri. No filme O mandarim, Mário Reis é o personagem, interpretado pelo ator Fernando Eiras, Mário Reis um cantor brasileiro de sucesso que amou muitas mulheres (Carmem Miranda foi uma delas), vendia muitos discos, morava no Rio de Janeiro, amava Copacabana, e, co-autor de músicas de sucesso cantadas até hoje. È na encenação do personagem Mário Reis e em suas relações com a música, com as mulheres e com a autoria, que se agenciam elementos do cinema de ficção, é o cinema aproximando Noel Rosa e Chico Buarque, Mario Reis e Bressane, Gal e Carmem Miranda, Rafael Rabelo e Villa Lobos, atores e personagens - não como associação, mas diferenciação, não como uma cadeia de imagens e signos, mas como um meio para se sair delas. No filme Mário Reis canta, grava discos e ama, esses motivos se conectam num ritmo e entram em conjunção até adquirir autonomia com as situações criadas no filme: os acontecimentos conquistam territórios e nós presenciamos a coexistência de tempos no aparecimento de artistas contemporâneos, como Tom Jobim, Edu Lobo, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa, se tornando personagens enriquecendo as conexões, desenhando outros territórios e culminando no final do filme no encontro entre Mário Reis e o próprio diretor de O mandarim. Ritmos alterando meios, como marca e como passagem , como pulsação e como vida : uma arte passou por ali. Bressane compõe o filme O mandarim, refletido nos campos da ficção e também da não ficção, onde o que importa é a investigação sobre a escapada para além dos limites da imagem refazendo o caminho que foi proposto no início do diálogo: Este filme nos ajudaria conceituar o campo documentário? |
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Bibliografia | CRITON, Pascal (2000). "A propósito de um curso do dia 20 de março de 1984: O ritornelo e o galope" . Alliez, Eric (org.) Gilles Deleuze uma vida filosófica. Rio: 34.
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