ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | O Cinema Punk - Um estudo das estratégias de produção de efeitos do filme “O Lixo e a Fúria” (2000) |
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Autor | Gabriela Machado Ramos de Almeida |
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Resumo Expandido | Embora os documentários de música sejam uma forma bastante popular de filme documental, a eles nunca foi dedicada uma atenção cuidadosa pela literatura, no sentido oferecer subsídios para que se compreenda com mais clareza o subgênero, a sua gramática própria – se é que ela existe – e lógica de funcionamento. Este artigo apresenta uma análise do documentário O Lixo e a Fúria (Julien Temple, 2000), que tem como tema a banda punk inglesa Sex Pistols.
A análise das estratégias de produção de efeitos do filme em questão teve como objetivo identificar a forma como os recursos visuais e sonoros de O Lixo e a Fúria (sobretudo a narração e a montagem) foram agenciados de forma a chegar aos seus efeitos mais visíveis e como este agenciamento contribuiu para o objetivo último do filme, de fortalecer o discurso de autenticidade e legitimação da banda Sex Pistols e do próprio movimento punk. Os cerca de cinco primeiros minutos de filme funcionam como um prólogo não só da história que se vai contar, mas principalmente como um momento de antecipação das pistas cognitivas e sensoriais que são necessárias para que o apreciador entenda e saiba o que esperar do tipo de construção que se encontrará em O Lixo e a Fúria: uma narrativa que tem na narração o seu fio condutor e se baseia, em sua banda visual, numa montagem extremamente ágil, através principalmente da justaposição de imagens de arquivo. O objetivo é produzir graça e para isso a ironia se faz presente como recurso que permeia todo o tempo as associações explícitas e aquelas apenas sugeridas entre imagem e som (incluídas aqui a música e a narração) e entre imagem e imagem. A análise apresentada neste artigo centra-se nos cerca de cinco minutos iniciais de O Lixo e a Fúria por estes anteciparem também, num âmbito mais geral, o posicionamento do próprio cineasta Julien Temple em relação ao tema tratado pelo filme. Aquilo a que se referiu como “prólogo” do documentário deixa claro o discurso ideológico que reclama uma autenticidade tão bruta quanto a postura dos integrantes da banda de que trata, que coloca o Sex Pistols como uma salvação em meio ao ridículo que predominava no mainstream musical da época e pretende legitimar artística e politicamente a existência do movimento punk e da banda em questão. |
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Bibliografia | BEATTIE, K. (2005) It's Not Only Rock and Roll: 'Rockumentary', Direct Cinema and Performative Display. Australasian Journal of American Studies, Vol 24, No 2, pp. 21-41, Australian and New Zealand American Studies Association, Australia. Disponível em http://www.anzasa.arts.usyd.edu.au/a.j.a.s/Articles/2_05/Beattie.pdf. Acesso em 02/12/2008.
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