ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Donnie Darko e o pop dos anos 1980. As funções narrativas da música pop no cinema |
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Autor | Fábio Freire da Costa |
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Resumo Expandido | De maneira resumida, de acordo com o uso da música como elemento narrativo, os filmes podem ser classificados em duas categorias: os que a utilizam como “elemento climático” ou como “foco da ação”. Os filmes que a utilizam como foco de ação são os musicais ou produções que trazem a música como temática. A música articula o drama e, nesse caso, o enredo, a ação e toda a narrativa estão subordinados a ela, sendo que o espetáculo está sempre em primeiro lugar e a relação da música com as imagens é indissociável.
Os filmes que trazem a música como foco da ação não precisam justificar sua presença. O próprio ambiente musical criado permite que a música esteja presente a qualquer hora e em qualquer lugar sem a necessidade de uma explicação. Daí a relação que a música estabelece com a narrativa fílmica e o público ser peculiar, este a entendendo como força motriz do espetáculo cinematográfico que está sendo apreciado. Já nos filmes nos quais a música funciona como elemento climático, tipo mais comum e que abarca uma gama de gêneros cinematográficos, ela pode desempenhar uma série de funções, desde a criação e composição da ambientação da produção, até redundando e enfatizando emoções, bem como caracterizando ou desempenhando o papel de personagens, cenários e épocas, estabelecendo o ritmo da edição e atuando como um elo narrativo na representação cinematográfica. A música auxilia na construção de cenas líricas, épicas e dramáticas e assume três papéis narrativos importantes: o papel rítmico, o papel dramático e o papel lírico. O primeiro tem como objetivo atribuir continuidade às imagens, sublimar ou substituir um ruído e realçar um determinado movimento ou ritmo visual ou sonoro. A função dramática é a mais difundida e trabalha intervindo como contraponto psicológico ao fornecer ao espectador um elemento útil à compreensão da “tonalidade humana” do episódio representado. É a partir dessa função que a música “traduz” emoções, cria a ambientação necessária para o desenrolar da trama (demarcando o espaço geográfico e / ou temporal da história) e sublinha e sustenta uma ou mais ações, atribuindo a cada qual uma coloração própria. Já o caráter lírico da música opera nas narrativas como pontuação da ação, reforçando a densidade dramática de um momento ou ato, dando-lhe uma dimensão lírica como só ela é capaz de engendrar. A partir dessas funções narrativas, propomos uma análise do filme “Donnie Darko” e da sua trilha musical composta de canções dos anos 1980 que contextualizam a época retratada e atribuem uma dinâmica rítmica diferente a cenas específicas e importantes para a narrativa. Através de uma percepção cultural da música buscamos compreender como se dá sua utilização e de que forma algumas questões peculiares às canções pop estão presente narrativamente no longa-metragem: a fragmentação da música e suas formas de apreciação; a nostalgia estabelecida pela utilização de canções previamente conhecidas; e as influências e citações referentes às letras e títulos destas canções. Outra característica observada é o tencionamento entre os conceitos de ambiente sonoro diegético e extradiegético, causando confusão no espectador que não sabe mais, muitas vezes, precisar se a música faz parte da ação ou é utilizada como pano de fundo. Sendo assim, as músicas perfomatizadas realisticamente (apresentações de bandas), entoadas de forma sincronizada com as imagens (personagens sendo mostrados cantando) ou emanando de uma fonte visível na tela podem passar muito bem de um modo diegético para um extradiegético (ao “vazarem” de uma cena para outra, por exemplo) sem uma motivação aparente. |
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Bibliografia | CHION, Michel. La musica en el cine. Madrid: Ediciones Paidos Iberica,1997.
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