ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Antes que o cinema acabe: estudo comparativo do lançamento de dois filmes brasileiros |
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Autor | Carlos Gerbase |
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Resumo Expandido | Estudo comparativo do lançamento de dois longas-metragens produzidos pela Casa de Cinema de Porto Alegre: "3 Efes", lançado em dezembro de 2007, e "Antes que o mundo acabe", a ser lançado em agosto de 2009 (portanto menos de dois anos depois). Enquanto o primeiro foi realizado em DV, com um orçamento de 120 mil reais e lançado de forma simultânea em 4 mídias (salas digitais, internet, DVD e TV), o segundo, rodado em super-16, custou aproximadamente 1 milhão e 200 mil reais e terá um lançamento mais tradicional (participação em festivais de cinema e, depois, exibição exclusiva nas salas, em película e distribuição digital). Pretende-se verificar, do ponto de vista econômico e da recepção do público, quais são os resultados destas diferentes estratégias.
Fazer um filme, do ponto de vista artístico, é dizer alguma coisa sobre o mundo e sobre si mesmo, não necessariamente nesta ordem. Um filme, se visto neste prisma, dá prioridade ao seu discurso estético, em vez de ficar imaginando, a cada etapa de sua realização, quantos espectadores fará no primeiro final de semana. Uma coisa não elimina a outra, com certeza. Um filme autoral e, ao mesmo tempo, comercial, é o sonho dourado de 99% dos cineastas, sejam eles brasileiros, iranianos ou hollywoodianos. Mas, no Brasil, esse sonho só foi atingido em momentos de exceção. Quem quer ser comercial quase inevitavelmente faz concessões, procura os modelos já bem conhecidos pelo público, afasta-se de qualquer experimentação estética. Isso não é um pecado. É uma escolha do cineasta. É um tipo de cinema que o Brasil precisa produzir. E talvez seja o cinema mais difícil de todos. Fazer sucesso comercial em nosso País, mesmo com o apoio da Globo Filmes, é mais difícil que escalar o monte Everest sem oxigênio. Sem a Globo Filmes, é como tentar a escalada sem roupa. A Lei de Incentivo à Cultura e a Lei do Audiovisual contribuíram para um significativo aumento no volume da produção, mas são incapazes de incidir na distribuição e na exibição. O que dizer quando quase 90% das salas estão ocupadas por títulos de Hollywood? Nada, dizem as leis, pois elas se calam na regulação do mercado. Nada, dirão os distribuidores e exibidores, enquanto contam seus lucros. Nada, dirão os espectadores, enquanto comem pipoca. Nada, dirá o governo, enquanto contabiliza, orgulhoso, o número de filmes produzidos, mesmo que eles estejam longe das telas. Nada, dirão os cineastas "comerciais" que, mesmo insatisfeitos com os rigores da subida no Everest, continuam achando o máximo a possibilidade de chegarem lá sozinhos, contra tudo e contra todos, ficando com a glória eterna. E, afinal de contas, as leis de incentivo estão aí para financiar novas expedições, mesmo que suicidas, e não para facilitar a subida. Mas o que pode dizer o cineasta que pretende dizer alguma coisa sobre o mundo e sobre si mesmo? Esse, geralmente, diz que está esperando o resultado de um concurso (da Petrobrás, da Ancine, do MINC, ou de algum outro mecenas oficial) para então, com um orçamento baixo (mas com um astral alto), poder dizer alguma coisa. Quem tem paciência espera dois, três, quatro anos. Outros perdem a paciência. E, em vez de dizer alguma coisa, fiz um filme, chamado "3 Efes", que, entre o final do roteiro e o lançamento, percorreu uma trajetória de menos de um ano. Lançado de modo inovador, o filme "achou" seu público principalmente na internet (150 mil espectadores) e na TV (aproximadamente 45 mil espectadores). A Casa de Cinema de Porto Alegre lançará, em agosto deste ano (2009), o longa "Antes que o mundo acabe", dirigido por Ana Luiza Azevedo. Embora a estratégia de distribuição ainda não esteja plenamente definida, já se sabe que o filme terá uma carreira mais tradicional, respeitando as famosas "janelas" de exibição e os prazos que as separam. Pretendemos comparar as duas experiências, considerando principalmente o campo econômico, sem esquecer seus reflexos no campo estético. |
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Bibliografia | CHION, Michel. El cine y sus oficios. Madri: Cátedra, 1996
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