ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Interface e linguagem das obras interativas PLAY SMOKING/NO SMOKING E COLLABORE |
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Autor | maurício cândido taveira |
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Resumo Expandido | Na obra Cibercultura, P. Lévy, ao tratar do conceito de virtual nos chama atenção para a natureza não-linear e interativa da www e da do CD-ROM. Ele destaca que ambas as mídias são os grandes tipos de mundos virtuais da contemporaneidade. Hoje, com certeza, ele acrescentaria os mundos dos DVD-ROM, BLU-RAY etc.
Quais são os impactos que estas "novas mídias" vem engendrando, particularmente o DVD-ROM e agora o BLU-RAY-ROM, na linguagem cinematográfica? Estamos passado da sociedade do espectador para a do interator? Acreditamos que sim. O espectador quer participar e ser o co-autor também da obra. Ainda estamos na pré-história dessas mudanças de comportamento, mas já é possível arriscar que as narrativas da linguagem do cinema, em alguns filmes, vem aos poucos incorporando alguns desses elementos. Os filmes de narrativas não-lineares como Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, 21 Gramas, de A. González, entre outros rompem, ainda num meio analógico, com a tradição clássica de narração. Mas eles não são interativos. As obras Smoking e No Smoking, de Alain Resnais, mesmo que realizadas respeitando a convenção clássica introduz uma novidade: simulam interatividade e cada uma delas oferecem ao espectador 6 finais.Mesmo assim o espectador não tem o poder de escolha, uma vez que esta somente é possível após a atualização de todas as histórias ou segmentos no filme. É uma escolha, portanto, num momento posterior a exibição completa da película. Se os filmes Smoking e No Smoking tivessem sido realizados numa mídia digital como DVD-ROM ou BLU-RAY e num formato de roteiro hipertextual o poder de escolha do espectador poderia ser outro. No exato instante em que transcorre a narrativa ele poderia decidir o caminho a seguir. É o que ocorre com os BLU RAYs interativos Play Smoking/No Smoking e Collabore de minha autoria. Com a introdução das mídias digitais, as potencialidades de narração se alargam. Elas permitem ir além das possibilidades de narração não-linear, permite ao "espectador", em alguns casos, participar ativamente da estruturação da narrativa. Se nas mídias analógicas o autor – e aqui estamos tratando particularmente das mídias audiovisuais tradicionais – era o senhor absoluto da narrativa, tinha o controle das ações, nas mídias digitais esse controle tem se deslocado para as mãos do antigo espectador e este, em algumas obras, vem se transformando em agente, um interator. E já tem até um certo poder de agenciamento. E aqui entendemos agenciamento conforme Arlindo Machado no texto “Regimes de Imersão e Modos de Agenciamento”: é experimentar um evento como o seu agente e como elemento em função do qual o próprio evento acontece. Quando vemos um filme não esperamos que nossas ações interfiram na narrativa, isto é, não experimentamos o sentimento de agenciamento, no entanto, nas mídias digitais podemos nos defrontar com situações em que a narrativa é dinamicamente alterada pela nossa participação. Podemos interferir na história e ajudar, por exemplo, os personagens a resolver seus problemas e desejos. Este trabalho realiza uma reflexão das obras interativas Play Smoking/No Smoking e Collabore;tece algumas considerações acerca de duas possíveis maneiras de se contar estórias interativas nos meios audiovisuais contemporâneos. Play Smoking/No Smoking é um BLU RAY interativo autorado a partir de uma remontagem dos fimes Smoking e No Smoking, de Resnais. Aquele, diferente das obras de Resnais, tem com eixo a forma de narrar através de bifurcações e ao mesmo tempo a partir de múltiplas escolhas.O interator tem o poder de escolha entre seguir o caminho sugerido pela trama ou navegar em pequenos ou em grandes saltos narrativos. O BLU RAY interativo Collabore propõe uma narrativa a partir de pontos de vistas. O interator tem alguns recursos que lhe permite eleger a forma de ver a cena. A interface da obra garante àquele a liberdade de escolher enquadramentos, angulações, e por conseguinte, o deslocamento do ponto de vista. |
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Bibliografia | BLOCK, Bruce. The visual Story. Seeing the structure of film, TV, and new media.Burlington, MA, Focal Press, 2001.
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