ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Cinema e gênero: a trajetória de Gilda de Abreu (1904 – 1979) |
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Autor | Lucilene Margarete Pizoquero |
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Resumo Expandido | Esta proposta é o resultado da minha dissertação de mestrado intitulada "Cinema e gênero: a trajetória de Gilda de Abreu (1904 – 1979)" defendida em 2006, no Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Universidade de Campinas (Unicamp).
O estudo descreve a trajetória artística de Gilda de Abreu (1904- 1979). Sua carreira iniciou-se como cantora lírica, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1920, interpretando as óperas Contos de Hoffmann de Jacques Offenbach, O Barbeiro de Sevilha de Gioacchino Rossini e Lakmé de Léo Delibes. Na década seguinte estreou a opereta Canção brasileira, na Praça Tiradentes. Sua estréia no cinema, como atriz, foi em 1936 em Bonequinha de seda sob a direção de Oduvaldo Vianna, produção realizada nos estúdios da Cinédia. Em 1937 foi escalada como protagonista de Alegria também com direção de Oduvaldo Vianna. Infelizmente, o projeto não foi terminado devido às divergências entre o diretor, Oduvaldo Vianna e o dono dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga. Após o êxito da película Bonequinha de seda, Gilda foi convidada por Gonzaga para dois projetos frustrados. O primeiro, a realização de um curta-metragem e o segundo a adaptação de A viuvinha, de José de Alencar, mas Gilda não desistiu do cinema. Ela se associou a Gonzaga para adaptar a peça O ébrio, baseada na canção de Vicente Celestino, marido de Gilda. Assim, foi firmando o contrato de co-produção entre Cinédia e o casal. O filme foi lançado em 1946 com enorme sucesso para a época. Alice Gonzaga, herdeira dos estúdios da Cinédia, afirma: “O ébrio teve 530 cópias exibidas no Brasil inteiro, numa época em que as maiores produções estrangeiras alcançavam, no máximo, 20”. O ébrio é um melodrama de adultério, apoiado na relação música popular/ídolo/cinema/público. Por sua experiência teatral, Gilda construiu um filme pleonástico, baseado na representação teatral. As cenas se constituem pequenos palcos, onde atores entram em cena e saem dela. Quase tudo é “quadrado”, sem inovação, como na angulação da câmera e na montagem. O filme possui duas partes. A primeira começa com um portão se abrindo, como uma cortina. O início apresenta as características do melodrama, como a voz em off, que anuncia e conduz a narração melodramática do homem banal, Gilberto Silva, protagonista do filme. Essa voz em off conduz a narrativa e priva a platéia de qualquer reflexão. Ressalto ainda que as penúrias se concentram na personagem masculina (Gilberto), contrariando as características do gênero que costumava privilegiar protagonistas femininas. Na segunda parte da trama, Gilberto troca de identidade e se transforma em mendigo, passando a beber para esquecer. Para Silvia Oroz: "a troca de identidade é um recurso da construção dramática importante no espetáculo, que, além de colocar o espectador como dono do conhecimento da verdadeira identidade do personagem, ainda mantém a intriga constante da revelação da verdade” (OROZ, 1992: 84). O filme é construído para o público popular. E os dramas são mostrados sob a perspectiva do protagonista masculino, de como sua vida foi destruída por uma mulher. Após o êxito de seu primeiro filme, Gilda realizou a custosa produção Pinguinho de gente, em 1949, nos estúdios da Cinédia. O filme não foi bem recebido e permaneceu apenas duas semanas em cartaz. Em seguida Gilda realizou Coração materno (1951), mas os estúdios da Cinédia não se dispuseram a produzi-lo, então ela procurou Affonso Campiglia da Filmoteca Cultural que se associou ao casal na produção. Gilda quis repetir a formula de O ébrio e adaptou a canção de Vicente Celestino, Coração materno. Nesse projeto Gilda acumulou as funções de atriz e diretora. Infelizmente, a formula música de sucesso, ídolo do rádio e melodrama não funcionou e Gilda abandonou o cinema e passou a dedicar-se a literatura e novelas radiofônicas. Em 1977, Gilda realizou seu último projeto cinematográfico, uma homenagem ao marido, Vicente Celestino no curta-metragem, Canção de amor. |
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Bibliografia | ANDRADE, Regina. A sombra de uma estrela. In: INTERCOM, s/n., Rio de Janeiro, UFRJ, 2000. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
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