ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Entre irmandade e neo-colonialismo – Para uma taxonomia das co-produções luso-brasileiras |
|
Autor | Carolin Overhoff Ferreira |
|
Resumo Expandido | O pós-colonialismo tem procurado lidar com os legados contraditórios e ambivalentes do colonialismo, bem como com a perseverança de laços ambíguos e neo-colonialistas entre as ex-colônias e os seus antigos colonizadores europeus. Apesar do impacto da globalização ter alterado substancialmente este paradigma (que se fundamentava na oposição bipolar de colonizado e colonizador), as novas alianças transnacionais ou supranacionais (que emergiram após as fases de descolonização raramente bem sucedidas) ainda não podem ser analisadas fora deste contexto. O cinema, considerado por muitos como uma arte transnacional por excelência, é um caso particularmente complexo devido aos seus requisitos tecnológicos e financeiros.
No âmbito dos estudos pós-coloniais existe desde algum tempo um manifesto interesse em investigar as co-produções cinematográficas com financiamento por parte do antigo colonizador (ou colonizadores) e as ex-colônias, no sentido de analisar, e muitas vezes denunciar, o poder de decisão na produção e o peso ideológico nas narrativas por parte dos países europeus. Os cinemas transnacionais anglófonos e francófonos já se encontram bastante bem estudados, enquanto os cinemas lusófonos apesar de artigos e publicações importantes sobre o cinema luso-africano ainda carecem de estudos aprofundados. Sobre o cinema luso-brasileiro, por exemplo, ainda não existe nenhum estudo específico. É de ressaltar que o Brasil possui um relacionamento bem diferente com o seu antigo colonizador do que os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Entretanto, o número de co-produções luso-brasileiras, realizadas, sobretudo, desde 1995 devido a acordos e protocolos entre os países lusófonos, ultrapassa as co-produções luso-africanas: atualmente podemos somar 25 produções. Acreditamos que o estudo desta reaproximação de Portugal, impulsionada pela criação da Comunidade de Paises de Língua Portuguesa (CPLP) com a sua ex-colônia poderá oferecer importantes subsídios, não só para os estudos de cinema, mas também para outras áreas do conhecimento, nomeadamente os estudos da literatura e as ciências sociais, no sentido de entender melhor a representação simbólica do relacionamento entre o assim chamado país matriz e o Brasil na época da globalização. Esta comunicação pretende – baseado no estudo dos filmes luso-brasileiros – desenvolver uma taxionomia das co-produções existentes, no sentido de mapear e distinguir os diversos motivos culturais, ideológicos e financeiros que resultaram nos 24 filmes de ficção luso-brasileiros. Nós basearemos em uma proposta de taxionomia da pesquisadora dinamarcesa Mette Hjoert que sugeriu em uma comunicação na Society of Cinema and Media Studies in 2005 uma classificação provisória para as produções transnacionais. Pretendemos desenvolver e criticar esta taxionomia, procurando encontrar categorias adequadas para o mundo lusófono que se baseiam tanto nas especificadas culturais e lingüísticas quanto no seu enquadramento internacional. |
|
Bibliografia | DENNISON, S., Lim, S. H. (2006), Remapping World Cinema - Identity, Culture and Politics in Film, London: Wallflower Press.
|