ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Brasil, da Alma para o Mundo: Tecnologia e Estilo Fílmico em Líbero Luxardo e seus Contemporâneos |
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Autor | Vicente Gosciola |
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Resumo Expandido | Libero Luxardo, filho de imigrantes italianos, nascido em Sorocaba-SP, foi cineasta em São Paulo, em Mato Grosso e finalmente no Pará onde, a partir de 1940, atuou não só no campo cinematográfico como também no jornalismo e na política. Sua realização de maior repercussão foi “Aruanã” (direção, roteiro e produção; 1938). Aruanã tem a reputação de ser o precursor mundial do neo-realismo no cinema. A história foi filmada na ilha do Bananal, no rio Araguaia. Mas “Alma do Brasil” -dirigido, produzido, roteirizado e montado por Líbero Luxardo em 1931- pode ser igualmente considerado um precursor do neo-realismo por trabalhar apenas com atores não profissionais, à exceção de Conceição Ferreira, atriz portuguesa. Além dessa inovadora estrutura de produção o filme “Alma do Brasil”, de 52 minutos, é estudado nesta pesquisa como um filme de montagem avançada em comparação aos seus contemporâneos, não somente os brasileiros como também os estrangeiros. Para tanto iremos compará-lo às outras produções contemporâneas do ponto de vista da tecnologia e estilo fílmico, teoria e metodologia de Barry Salt, apresentada em 1968, pautada pelo estudo da tecnologia e do estilo de filmes, pelas diferentes formas expressivas dos longas de ficção, pelas variáveis baseadas em conceitos efetivamente usados pelos cineastas, pelo levantamento e análise de dados concretos e pelos dados da sua especificidade fílmica de estilo e tecnologia. Busca encontrar relações marcantes na evolução do estilo fílmico em estatísticas organizadas por dados como: Average Shot Length, ASL, divisão da duração do filme pelo número de planos; split screen; narrativas sobrepostas em profundidade de campo; planos com movimentação e angulação de câmeras; sucessão de planos fechados e grandes planos gerais. Trata-se de aferir se “Alma do Brasil” está adiante na exploração crítica de elementos vitais da estruturação narrativa audiovisual, que vai além do exibicionismo tecnológico e da medição burocrática do tempo de um filme.
O estudo é fundamentado em autores como Barry Salt (Film style and technology history and analysis, London: Starword, 1992), David Bordwell (Narration in the fiction film, London: Routledge, 1986) e Ismail Xavier (O discurso cinematográfico, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005) e está atento às críticas de Bordwell a Salt, mas também tem consciência de que Bordwell se corrigiu no seu livro On the history of film style (Harvard University Press, 1998) e reputa à teoria e metodologia de Salt como o “maior avanço conceitual na recente historiografia de estilo cinematográfico”. O filme “Alma do Brasil” apresenta duas tramas. Uma é a adaptação do livro homônimo de Visconde de Taunay, sobre a retirada da Laguna, em 1867, encenada nas locações originais. A outra é o registro das manobras da tropa do general Bertoldo Klinger, entre o sul de Mato Grosso e Laguna, no Paraguai, no início da década de 1930. As duas tramas, distantes mais de 60 anos, foram entrecruzadas em uma elaborada montagem paralela. Outros aspectos tecnológicos e de estilo chamam a atenção para o filme: a média de duração dos planos muito baixa e os efeitos de montagem dos mais inovadores e até inéditos no país como um split screen de 5 telas em forma de losango, numa clara alusão à bandeira do Brasil, e outro em “V”, de três telas. As técnicas, tanto a montagem paralela quanto as sobreposições e split screen são bem harmonizadas e configuram um filme plenamente resolvido entre as novidades técnicas e a narrativa. |
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Bibliografia | BORDWELL, D. Narration in the fiction film. London: Routledge, 1986.
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