ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Segmento cinematográfico em Salvador: uma análise sob a perspectiva de redes sociais |
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Autor | Carmen Lucia Castro Lima |
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Resumo Expandido | A produção de bens e serviços culturais vem se transformando num dos principais domínios da economia mundializada. A indústria cinematográfica tem experimentado expressivas transformações em suas estruturas de mercado e formas de organização, difundidas rapidamente pelo mundo. Há a configuração de um novo sistema de produção “por projeto”, no qual cresce em importância a fase de pré-produção e a capacitação para mobilização e articulação de recursos (Lampel; Shamsie, 2003). Na indústria cinematográfica brasileira, há evidências dessas transformações em estruturas de mercado, instituições, papéis dos atores e suas interações (Earp; Sroulevich, 2008; Matta, 2004; Kirschbaum, 2006).
Dentro deste movimento, Coe e Johns (2004) destacam que o segmento audiovisual passou a se organizar como uma "rede dinâmica", flexível e especializada. Estas se assentariam na criação de grupos de agentes flexíveis - freelancers especializados, artistas, empresas de serviços - que formariam nós em torno do centro produtivo. Neste sistema, as produções audiovisuais são ligações de curto prazo entre diretores, atores, equipes e serviços de subcontratação. Apesar da crescente importância da produção cultural e das transformações da indústria cinematográfica, os métodos de análises econômicas setoriais parecem não contemplar as especificidades da produção de bens culturais, ao não considerar sua dupla dimensão: simbólica – conjunto de práticas do cotidiano que diferencia grupos e povos - e mercadológica - como ativos que circulam nos mercados. A Análise de Redes Sociais (ARS) vem contribuindo para descrever e explicar as dinâmicas dos segmentos culturais. Considera-se que os relacionamentos subentendem certo grau de compartilhamento de significados, elemento fundamental para a produção cultural. Assim, ao focalizar relações entre indivíduos, instituições e organizações - cujos vínculos estruturam diferentes situações sociais e influenciam o fluxo de bens materiais, idéias, informação e poder - a ARS mostra-se aderente às análises de segmentos culturais. Potts et al (2008) discute que nas atividades criativas, as estruturas de mercado e governança são, simultaneamente, complexas e sociais. Potts et al (2008) inferem que as redes sociais são fontes de sinais para alocação de recursos na esfera da produção, tão significativas quanto, por exemplo, preços. No âmbito da demanda, as escolhas individuais são determinadas por informações e feedbacks recebidos dessas redes, mais do que por preferências natas e por sinais emitidos pelos preços vigentes em cada mercado particular das atividades criativas. Informações emitidas por críticos de cinema, por exemplo, condicionam escolhas dos consumidores nesses mercados (POTTS et al, 2008). Em síntese, os segmentos criativos reuniriam um conjunto de atividades econômicas desde a criação cultural à manutenção de redes sociais e de geração de valor, por meio da produção e do consumo, condicionada por escolhas que são valorizadas nessas redes. Com base nas premissas supracitadas, este artigo objetiva analisar o segmento cinematográfico, em Salvador, a partir de uma rede de produção de um conjunto de filmes realizados, no município, entre 1993 e 2008. Com base no software UCINET, será construída a matriz de interações, identificados os papéis categóricos e centrais dos atores e analisados tamanho, densidade e cliques da rede. Sua estrutura comportará quatro momentos: contexto atual do segmento cinematográfico no Brasil e na Bahia; breve contextualização da abordagem de redes sociais; apresentação de conceitos operacionais e análise da rede supramencionada. Espera-se que a utilização da ARS para o segmento cinematográfico contribua para reduzir a apontada inadequação dos métodos de análise para estudos sobre atividades econômicas culturais. |
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Bibliografia | EARP, F.; SROULEVICH, H. O mercado de cinema no Brasil. In EARP, F; SROULEVICH, H.; SOUZA, R. G. Dois estudos sobre economia do cinema no Brasil. TD 0002/2008.
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