ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Produtos audiovisuais flexíveis: Filmes de sucesso (ou nem tanto) que geram seriados televisivos |
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Autor | Flávia Seligman |
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Resumo Expandido | Este trabalho aborda a questão dos produtos flexíveis, aqui entendidos por obras audiovisuais que permitem, a partir de uma matriz narrativa, um desdobramento em outros formatos ficcionais. A matéria prima trás em sua essência elementos que contribuem para o desenvolvimento posterior da trama em outras janelas de exibição. Em alguns casos já são concebidos desta forma, em outros, este desdobramento parte do sucesso que a obra atingiu ou mesmo da prospecção de sua continuidade.
O começo deste processo foi da televisão para o cinema, com a mini-série O Auto da Compadecida. Trata-se de um produto captado em película e editado, em formato de mini-série pela TV Globo. O Auto da Compadecida foi ao ar pela primeira vez de cinco a oito de janeiro de 1999, no horário das 22h30. Em 2000, foi reeditado em formato de longa-metragem e lançado no circuito comercial. Depois disto foi lançada em DVD, com as duas versões (o filme e a mini-série) e, eventualmente é exibido na grade da emissora com seu segundo corte. Casos como este marcam uma nova fase da história do cinema brasileiro, onde o produto “filme” torna-se cada vez mais diverso e as relações entre cinema e televisão se estreitam e se misturam. Nosso trabalho tem foco na relação inversa, em filmes que geram produtos televisivos em formato de seriados. O primeiro filme estudado é Cidade de Deus. Após o sucesso da estréia nas salas de exibição (3.370.871 espectadores. Fonte Observatório do Cinema e do Audiovisual – OCA/Ancine), foi realizada a série Cidade dos Homens, co-produzida pela O2 e Rede Globo e exibida em cinco temporadas na emissora. Este trabalho aborda também outras duas experiências envolvendo a Rede Globo. São elas Antônia, filme de Tatá Amaral (2006), que fez 79.428 espectadores em salas e Ó Pai Ó, de Monique Gardenberg (2007), com 397.075. (Fonte: Idem) Os dois filmes deram origem a séries na emissora também lançadas em DVDs. Esta então é uma das características marcantes do audiovisual brasileiro contemporâneo e sua relação com o público: a multiplicação dos produtos fílmicos em outros formatos e outras janelas de exibição. Aproveitando um bom tema ou grande sucesso de público possa num desdobramento e ocupando de forma mais abrangente o mercado de exibição. Claro que isto seria impossível se o cinema não tivesse estreitado as relações com a televisão e se a tecnologia não permitisse a realização de produtos que pudessem migrar de uma janela para outra em formatos diferentes. Outra característica importante é a natureza da narrativa e sua configuração. Os três casos estudados estão baseados num universo de classe baixa (uma favela no Rio de Janeiro, a periferia de São Paulo e o Pelourinho em Salvador). Um universo de excluídos com uma série de personagens folclóricos e carismáticos, crianças, artistas, lutadores do dia a dia, que conquistam a simpatia do público e produzem tramas de vida com a possibilidade de vários desdobramentos. São histórias e basicamente personagens, que em sua essência estão aptos a possíveis continuações; possuem uma gama de características e provocam situações infindáveis passíveis de serialização. Personagens mutantes que se adaptam aos horários e às restrições da emissora de TV Assim, o produto se multiplica atingindo às demandas do mercado audiovisual, independente das janelas de exibição. |
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Bibliografia | BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: –––. Estética da criação verbal, São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 279-287.
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