ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Distribuição e exibição. Exclusão, assimetrias e as crises do cinema brasileiro contemporâneo |
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Autor | João Guilherme Barone Reis e Silva |
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Resumo Expandido | A presença do filme nacional de longa-metragem no circuito tradicional de salas de exibição, assim como a sua aceitação pelo público expressa pela venda de ingressos, tem sido um dos grandes axiomas do cinema brasileiro contemporâneo. Historicamente, as políticas públicas de apoio e fomento ao cinema no Brasil, privilegiaram os mecanismos de financiamento à produção, em detrimento de ações integradas com os campos da distribuição e exibição capazes de um fortalecimento do mercado, contribuindo para a sustentabilidade para o setor. Essa tendência acentuou-se especialmente durante o período da retomada, quando foram estabelecidos os mecanismos atuais de financiamento público a fundo perdido para a produção, com apoio evidente da maioria dos cineastas. Após uma década, o aumento da produção do longa-metragem recolocou e ampliou questões conjunturais relativas à fragilidade da ocupação do mercado de salas pelo produto nacional e da própria aceitação do filme nacional pelo público. Em que pese algumas alterações no cenário político e institucional, com a criação da ANCINE e algumas ações voltadas para os campos da distribuição e exibição, é no período entre os anos de 2003 e 2008 que a circulação e o desempenho do longa brasileiro em seu próprio mercado volta a apresentar evidências de a instabilidade e assimetrias. Em 2003, registram-se grandes bilheterias e altos índices de ocupação do mercado de salas, chegando à marca dos 21,4 %, com mais de 22 milhões de ingressos vendidos. Algo próximo aos melhores desempenhos de até 30% registrados nas décadas de 70 e 80. A euforia é seguida, já em 2004, com uma queda de 50% que inicia uma curva descendente e vertiginosa que chega a 6,9% em agosto de 2008, provocando um novo momento de crise, no qual o sentido da própria existência de um cinema brasileiro volta a ser questionado. Assim, esta investigação trabalha com o pressuposto de que o filme de longa-metragem permanece como principal produto da indústria cinematográfica/audiovisual enquanto sistema simbólico – econômico, cujo funcionamento obedece a padrões que se repetem em dimensões diferenciadas em âmbitos global, nacional ou regional. São conhecidas as tensões e desequilíbrios resultantes da ocupação massiva dos circuitos exibidores em escala planetária, pela produção cinematográfica distribuída pelas grandes corporações midiáticas norte-americanas. Em diversos países, essa ocupação hegemônica das telas impede a livre circulação das cinematografias nacionais com desdobramentos que perpassam aspectos econômicos, tecnológicos, políticos e socioculturais. A partir de um corpus formado pelo conjunto de filmes que durante o período demarcado tenham registrado as maiores e as menores bilheterias, a investigação desdobra-se em verificações de comportamentos e práticas do mercado e seus agentes, incluindo o público, na busca de aferir tendências temáticas e estéticas ao lado de outros fatores que forneçam elementos para a compreensão das relações do cinema brasileiro com o seu público. Os aspectos tecnológicos que evidenciam as transformações (em andamento) do cinema enquanto meio de comunicação, oportunizam o estudo de interseções com práticas socioculturais que expressam o funcionamento do mercado. As ferramentas digitais, depois de incorporadas ao ambiente da produção passam a alterar os parâmetros da exibição tradicional, estabelecendo também novos dilemas para a circulação do longa-metragem nacional.
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Bibliografia | ALMEIDA, Paulo Sérgio e BUTCHER, Pedro. Cinema, Desenvolvimento e Mercado. BNDES – FILME B, Rio de Janeiro, 2003.
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