ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Um grande comediante: Oscarito – o bagunceiro por acaso |
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Autor | Afrânio Mendes Catani |
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Resumo Expandido | O objetivo deste trabalho é acompanhar a trajetória do cômico Oscarito, que conheceu o ápice de sua carreira na fase áurea das chanchadas (comédias e filmusicais), em especial nas décadas de 1940 e 1950.
Durante 5 anos, com Luiz Felipe Miranda, coordenei uma equipe composta por 11 pesquisadores que se dedicaram a investigar e a redigir verbetes para o Diccionario del Cine Iberoamericano: España, Portugal y América (Madrid: Sociedad General de Autores y Editores, 2009, 8.512 p., 10 volumes, ISBN: 978-84-8048-000-0), que deverá sair no presente ano. A parte relativa ao Brasil abarcou mais de 1200 verbetes referentes a personalidades nacionais. Escrevi mais de 170 verbetes (e editei os outros 1030), o que me permitiu uma visão privilegiada de parte significativa da história do cinema brasileiro. Assim, dentre outros, redigi textos sobre comediantes que atuaram em nosso cinema, estando aí incluído Oscarito. Aproveitei a oportunidade e elaborei um trabalho com base nesse esforço inicial, partindo da excelente contribuição que João Luiz Vieira realizou para a Enciclopédia do cinema brasileiro. Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Díaz, o conhecido Oscarito, nasceu em Málaga, Espanha (16.8.1906) e faleceu no Rio de Janeiro (4.8.1970), pouco antes de completar 63 anos. A meu juízo foi o maior cômico do cinema brasileiro, talvez o mais completo, tendo feito 46 filmes em 35 anos, desde o início da década de 1930 ao final dos anos 60 – sem contar Assim era a Atlântida (Carlos Manga, 1975), película que é uma antologia de trechos das produções da Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A., que exibe várias participações do comediante. Primogênito, chegou ao Brasil com apenas 1 ano, acompanhado dos pais que, juntamente com seus tios, eram de teatro, trabalhando em espetáculos de variedades. Com menos de 5 anos, Oscarito já participava de espetáculos circenses e teatrais. Logo mais, ainda bem jovem, dedica-se ao teatro, cumprindo longa peregrinação por casas de espetáculos das mais modestas, nos subúrbios e no interior do país, até chegar aos principais teatros do Rio de Janeiro, encenando prestigiosas comédias musicais, conhecidas como teatro de revista. Fez seu primeiro filme, A voz do carnaval (1933), aos 26 anos. Antes, já fazia sucesso no teatro, que até quase o fim da vida jamais deixou de ser uma das atividades fundamentais em sua profissão. A partir de 1942 também começou a fazer sucesso no rádio, tendo inclusive gravado músicas carnavalescas. Trabalhou, também, um pouco na televisão, no início do veículo, embora não se sentisse muito à vontade nele. Filmou nas produtoras Atlântida (34 filmes), Cinédia (5), Sonofilms (3), além de 4 fitas em outras empresas, sendo dirigido por Carlos Manga, José Carlos Burle, Watson Macedo, Moacyr Fenelon (diretores de 32 filmes em que atuou), Adhemar Gonzaga, Ruy Costa, Mesquitinha, Ismar Porto, Milton Rodrigues, Francisco Eichhorn, Sanin Cherques, Carlos Hugo Christensen, Alcino Diniz, Ricardo Freda, Joracy Camargo, Chianca de Garcia, Enrique Cadícamo e, até mesmo, Humberto Mauro, co-diretor de A voz do carnaval. A partir de 1943 Oscarito assina contrato de exclusividade com a Atlântida, convertendo-se em uma das maiores bilheterias do cinema nacional de todos os tempos. Comediante completo, dotado de corpo elástico e de trejeitos circenses, com grande capacidade de improvisação, como ninguém representou nas chanchadas o homem simples brasileiro, além de parodiar uma série de ícones consagrados do mundo das artes e da política. Merecem destaque suas atuações antológicas em Este mundo é um pandeiro (1947), Carnaval no fogo (1950), A dupla do barulho (1953), Nem Sansão nem Dalila (1954), Matar ou correr (1954) e Dois ladrões (1960). Carlos Manga, que o dirigiu em 16 filmes, sempre elogiou seu profissionalismo e sua capacidade de trabalho, que lhe permitia jornadas que atravessavam toda a noite, para concluir fitas a serem lançadas dias depois, em geral, perto do carnaval. |
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Bibliografia | AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro: a chanchada de Getúlio a JK. São Paulo: Cinemateca Brasileira/Companhia das Letras,1989.
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