ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Cesare Pavese: diálogos com o cinematógrafo |
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Autor | Mariarosaria Fabris |
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Resumo Expandido | Quando se pensa no diálogo de Cesare Pavese com o cinema, vêm logo à mente sua malfadada relação com a atriz norte-americana Constance Dowling e a adaptação de seu romance “Tra donne sole” (“Mulheres sós”, 1949), que, sob o título de “Le amiche” (“As amigas”, 1955), Michelangelo Antonioni levou para as telas, com a colaboração de Suso Cecchi d’Amico e da escritora Alba de Cespedes no roteiro.
Menos conhecida sua atividade como autor de argumentos – “Il diavolo sulle colline”, “Le due sorelle” (ou “Breve liberta”, ou ainda “Gioventù crudele”), “Amore amaro”, “Il serpente e la colomba” (ou “La vita bella”), dentre outros –, que ele desenvolveu entre março e junho de 1950, retomando uma experiência iniciada e interrompida em 1928 com “Un uomo da nulla”. O escritor, no entanto, dedicou à sétima arte também algumas reflexões teóricas, dentre as quais “I problemi critici del cinematografo” (28 de maio-6 de junho de 1929) e “Di un nuovo tipo d’esteta (Il mio film d’eccezione)”, texto não datado, mas redigido com certeza depois do advento do cinema sonoro na Itália (1930). No primeiro ensaio, Pavese tenta formular uma definição estética do cinema, visto por ele como uma nova expressão artística (apesar de sua natureza ainda híbrida) e não como mera tradução do teatro, da literatura ou da pintura. No segundo, defende o cinema enquanto entretenimento, pois é um espetáculo popular, para as massas, que se desenvolveu “através de formas refinadas”, numa “civilização primitiva”, ou seja, num país jovem: os Estados Unidos da América. A admiração do autor piemontês pela cultura norte-americana, pela nova sensibilidade que expressava em suas manifestações artísticas, principalmente a cinematográfica, está presente ainda em vários trechos de contos escritos no fim da década de 1920 e publicados depois de sua morte. “I filmetti d’America”, como os denominava Pavese, que, com seus argumentos simples, exaltavam o “american way of life”, permitiam-lhe não só descobrir uma nova sociedade, como penetrar na realidade popular da cidade de Turim. O interesse de Cesare Pavese pelo cinema americano, enquanto fato de costume, leva a pensar o quanto lhe são devedoras algumas produções italianas que abriram caminho para o neo-realismo cinematográfico – de “Gli uomini, che mascalzoni!” (1932), de Mario Camerini a “Quattro passi fra le nuvole” (“O coração manda”, 1942), de Alessandro Blasetti: ele ensinou como andar, falar, comportar-se numa sociedade contemporânea. Resumindo: os filmes norte-americanos ajudaram a “tirar o pó” de uma cultura milenar e a superar um cinema ainda demasiado teatral ou literário. |
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Bibliografia | ANTONIONI, Michelangelo. "Fedeltà a Pavese". Cinema Nuovo, Roma, V(76): 88, 10 feb. 1956.
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