ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Sinhá-Moça: a representação do negro no filme da Vera Cruz e na telenovela da Rede Globo |
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Autor | Mauricio Reinaldo Gonçalves |
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Resumo Expandido | O romance escrito por Maria Dezonne Pacheco Fernandes, em 1950, chegou primeiramente à tela grande, em 1953, numa produção da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, sob a direção de Tom Payne e Oswaldo Sampaio; e alcançou a tela pequena em 1986, transformando-se em uma telenovela da Rede Globo de Televisão, adaptado por Benedito Ruy Barbosa e com direção de Reynaldo Boury e Jaime Monjardim. A comunicação aqui proposta pretende discutir a representação do negro nessas duas adaptações a partir da analise dos dois textos audiovisuais e considerando os dois meios de comunicação que as veicularam bem como os contextos históricos das respectivas veiculações.
Trata-se de uma história passada no final do século XIX, antes da assinatura da Lei Áurea, mas num momento em que a questão abolicionista era candente. Uma das principais questões que pretendo levantar, diante dos dois textos audiovisuais, é a que tenta identificar o papel dos personagens negros no que se refere às lutas abolicionistas e, portanto, no que se refere a determinação do futuro de seu grupo social. Pretendo discutir as possíveis diferenças de abordagem ideológica nas duas adaptações e como essas diferenças se articulam com os diferentes meios em que as histórias foram veiculadas. Tratando-se de produções da Companhia Cinematográfica Vera Cruz e da Rede Globo de Televisão, torna-se impossível não desenvolver discussão sobre o papel dos meios de comunicação de massa na representação da diversidade e daqueles não componentes dos grupos hegemônicos da sociedade capitalista, no caso, os negros. A partir da análise dos textos audiovisuais, a comunicação pretende identificar momentos desses discursos em que pode ocorrer a produção de uma versão negociada da mensagem, como diz Stuart Hall (1982), a partir da posição social dos “leitores”, onde estes podem construir leituras que independem das intenções primeiras dos produtores da mensagem. Robert Stam e Ella Shohat (in: RAMOS, 2005, p. 397) já apontaram que “em toda parte os espectadores relacionam-se ativamente com os textos”. Luis Buñuel já dizia, em seu texto, Cinema: instrumento de poesia, que “cada um transmite ao que vê uma carga de afetividade; ninguém vê tal como é, mas como seus desejos e seu estado de espírito determinam”. Esta comunicação é um esforço de identificação, nos dois textos audiovisuais analisados, construções discursivas que possibilitem esse investimento de afetividade e de desejo por parte dos leitores, constituindo, então, interpretações menos conservadoras do que aquelas inicialmente esperadas quando considerados os produtos audiovisuais estudados e suas matrizes produtoras. |
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Bibliografia | ARAÚJO, Joel Zito. A Negação do Brasil. São Paulo: Senac, 2000.
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