ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A canção no cinema brasileiro dos anos 80 |
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Autor | Marcia Regina Carvalho da Silva |
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Resumo Expandido | Nesta comunicação pretendo apresentar as diferentes perspectivas da trilha musical com o uso da canção popular no cinema brasileiro dos anos 80. Esta investigação é parte integrante de minha tese de doutorado que busca mapear a história da canção popular dentro da história do cinema brasileiro. Além disso, esta comunicação dará continuidade a minha fala realizada no encontro do ano passado, intitulada “Nosso som tropical nas telas do cinema”, a qual destacou as instigantes quebras de convenções da trilha musical do cinema brasileiro dos anos 60 e 70.
Sabemos que o cinema brasileiro da década de 80 é conhecido pela sua produção que contestou a hegemonia inventiva do Cinema Novo e também pelo prestígio de outras propostas de um cinema experimental. Esta geração apresenta a postura de dar as costas às tradições de nossa cinematografia, ao recusar temas e estilos do cinema moderno, principalmente em sua segunda metade, e afirmar a visão "técnica", ou a realização de "filmes de mercado", com narrativas mais fechadas e convencionais, apostando mais num cinema de gêneros e de referências ao cinema industrial norte-americano. Neste período, a crise conjuntural no cinema brasileiro se intensifica devido ao esgotamento do modelo de financiamento da Embrafilme e com ela a produção de longas-metragens. No entanto, além de certas tentativas pseudo-industriais, dos filmes infantis e do ciclo pornográfico, surgiram também algumas propostas de cinema mais curiosas, como o trabalho de humor e transgressão de Ana Carolina, com Das tripas coração (1982) ou Sonho de valsa (1987), a delicadeza de Suzana Amaral com A hora da estrela (1985) e a relevante experiência documental em Cabra marcado para morrer (1981-1984), de Eduardo Coutinho. Para a música de cinema, há o surgimento de novos compositores que apostaram na tradição da música orquestral, mais sintonizada com as regras do cinema narrativo clássico. Entretanto, a década de 80 é marcada pela disseminação dos instrumentos eletrônicos, com os sintetizadores, e pela presença do rock e da música sertaneja urbana. Curiosamente, na produção de trilhas sonoras surge a obsessão pelas várias pistas tornando o trabalho de edição de som mais meticuloso e atento às tecnologias de redução de ruídos, representadas pelos equipamentos Dolby Stereo, tanto na produção como na exibição. Nesse sentido, o principal objetivo desta comunicação é fomentar o diálogo sobre a história da canção popular, com seus movimentos, obras e artistas que configuraram a singularidade sonora da produção musical dos anos 80 e a produção cinematográfica brasileira deste período, tendo como objeto de estudo os filmes e seus desdobramentos estilísticos gerados por novas técnicas e tecnologias. |
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Bibliografia | BERNARDET, J.-C. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 1995.
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