ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Mudanças na lógica econômica do cinema contemporâneo |
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Autor | Raquel Timponi Pereira Rodrigues |
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Resumo Expandido | Ao longo da história, muitos pesquisadores têm avaliado como a técnica influencia os modelos de cultura. Seguindo essa lógica, ainda hoje a tecnologia interfere na relação do homem com o universo que o cerca, de forma a trazer benefícios (maior distribuição e possibilidade de maior participação do usuário e troca de informações com o usuário, o que o modifica cognitivamente) e malefícios (noção de que as tecnologias podem se voltar contra nós e provocar nossa própria destruição). Mas, é certo que, a cada invenção de uma nova tecnologia, há uma modificação não só nos modos de vinculação social. Altera-se também todo o funcionamento do mercado, a lógica econômica de produção.
Se avaliarmos as técnicas de reprodução das imagens, várias vezes o cinema se sentiu ameaçado economicamente com o advento de novas técnicas concorrentes de seus produtos. No artigo avaliaremos a relação desconfortável do cinema tradicional de Hollywood com as tecnologias, ao longo do século XX. Na década de 20, o cinema sonoro ameaça a indústria dos filmes mudos; na de 40, a televisão ameaça dispersar o público que freqüentava os cinemas; na década de 70, o gravador de vídeo doméstico ameaça pulverizar ainda mais esse público. Entretanto, por um outro olhar, é o público doméstico das televisões e dos seriados quem salva o cinema. O videocassete e o DVD se acrescentam à concorrência das mídias e provocam o decréscimo ainda maior do público nas salas. No século XXI, o novo desafio tecnológico que afeta o cinema é a digitalização. Mas, de todas as invenções, nada se compara ao impacto da Internet e das novas mídias digitais sobre a forma de entretenimento, pois a rede desequilibra o modo antigo de produção e distribuição dos filmes. Devido a isso, surge a indagação se o cinema desaparecerá em 10, 30 ou 50 anos. Mas se ele sobreviveu a uma série de mortes anunciadas, o mercado atual reage, apresentando novas estratégias. Dessa forma, nos interessa avaliar a mudança nos modos de produção, distribuição e consumo do cinema na era da globalização. Com o avanço da tecnologia, a distribuição de filmes pode ser realizada mediante suporte eletrônico e digital (filmes na TV, videocassete, DVD, internet, celulares, Ipods). As famílias sonham ter o home theater em casa, mais jovens assistem a filmes em computadores portáteis ou celulares. Há a integração entre a tecnologia cinematográfica tradicional e as tecnologias eletrônicas e digitais. Como estratégia de sobrevivência do cinema a esse cenário, os estúdios de cinema seguem o modelo pioneiro da Walt Disney e se tornam empresas de negócios. O cinema passa a ser somente uma de suas atividades. Entretanto, apesar de o lucro não estar mais nos filmes diretamente, são os filmes que apresentam conteúdo para que as empresas globais possam realizar sua distribuição em canais a cabo, redes de televisão, cadeias de videolocadoras, cinemas multiplex , entre outros. O que nos interessa, particularmente neste artigo, são as mudanças no modo de constituição da estrutura narrativa do cinema contemporâneo. É a possibilidade de realização de verdadeiras franquias de entretenimento, baseadas na construção de um processo externo de ligação das narrativas. São narrativas transmidiáticas, isto, é, que disponibilizam o conteúdo complementar ao longo de várias mídias. A produção agora pode ser realizada tanto pela indústria quanto por um mercado informal, pela colaboração do público amador, via paródias no Youtube, sites e blogs na internet, entre outros. A lógica do consumo dos filmes agora depende da participação da audiência. Para tal tarefa, tomaremos como base os autores Epstein,Fernando Mascarello e, para abordar a questão da transmídia, trabalharemos com Henry Jenkins e Angela Nadglianis. |
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Bibliografia | MASCARELLO, Fernando; Baptista, Mauro (org.). Cinema Mundial Contemporâneo. Campinas: Papirus, 2008. (Coleção Campo Imagético).
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