ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Espaço Unibanco – diálogo comercial com o cinema brasileiro |
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Autor | BRUNO HINGST |
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Resumo Expandido | O Cinema Brasileiro tem, desde os seus primórdios, uma trajetória marcada pela problemática de sua inserção como produto no mercado brasileiro de exibição.
A atividade cinematográfica sempre envolveu uma grande complexidade, no que concerne à capitalização de recursos, a encontrar um distribuidor e, acima de tudo, ao acesso a rede de exibição. Podemos mencionar aqui a relevância, num passado recente, que a Embrafilme teve como empresa gestora do cinema brasileiro no campo da produção e da distribuição, ampliando nos anos 70, para 35% o mercado de filmes brasileiros, ainda que existam questões criticas e polêmicas quanto à forma de gestão por ela empregada. É importante destacar um fato interessante envolvendo o cinema brasileiro, do período compreendido entre os aos 70 e 80, que foi a criação de uma relação mais próxima com o seu público, primeiro com o fenômeno da pornôchanchada e depois com a ajuda de figuras oriundas do cinema como Mazaroppi e da TV como Trapalhões e Xuxa. Todos eles traziam algo comum na vinculação com o público: na ótica do exibidor os filmes dialogavam com os espectadores, e isso era a certeza de salas lotadas por um bom tempo. Essa certeza fundamentava uma das poucas concessões que as grandes cadeias de exibição cinematográfica nacionais à época faziam em relação ao filme brasileiro; no restante do ano a exibição concentrava-se, quase na sua maioria, nos filmes de origem norte-americana. Os anos 80 foram um período muito conturbado para o país: inflação alta, desvalorização da moeda e perda de capacidade de investimento, seja por parte do Estado, como das empresas privadas. Esse cenário em pouco tempo contribuiu para: a extinção da Embrafilme, a redução drástica na produção de filmes, no sucateamento do parque exibidor e na inviabilização da produção de filmes por falta de fontes investidoras. O denominado Cinema da Retomada marcado pelo filme Carlota Joaquina, de Carla Carmuratti (1995), vem acompanhado por uma nova fase de transformações na área cinematográfica: o surgimento de outras formas de financiamento para o filme brasileiro, uma ampla re-estruturação do parque de exibição, com a chegada do conceito de exibição Multiplex (Butcher: 2003), inserindo agora as salas nos grandes centros de consumo (shopping-centers), criando uma nova perspectiva para este setor. Essas transformações também colaboraram para o surgimento de novos espaço de exibição para os filmes de artes, dentre os quais, podemos destacar, o Espaço Unibanco de Cinema, depois seguido pelas salas como Unibanco Artplex de Cinema, além da criação de outras salas, distribuídas por outras cidades, como Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro, formando assim um circuito com 55 salas de exibição. Por trás deste circuito está Adhemar de Oliveira, cineclubista de origem e programador experiente do cinema de arte - grande incentivador do Cinema Brasileiro, um dos poucos exibidores com um circuito de salas que possibilita o acesso do público ao filme brasileiro. Devido à sua importância e inovação, o objetivo deste trabalho é focar a sala de cinema num dos poucos circuitos a exibir habitualmente o cinema nacional – circuito Unibanco, para assim dialogar com a ótica do exibidor, analisando a complexidade da comercialização em termos do produto fílmico nacional, seja nas questões ligadas à divulgação, à média de cópias, ao tempo de permanência em cartaz e às margens de risco e prejuízo que afetam esta atividade. Finalizando, este trabalho pretende, acima de tudo, traçar um panorama da relação dos aspectos comerciais que envolvem a área cinematográfica (não apenas no campo das idéias), discutir de que maneira a diversidade da produção cinematográfica atual pode melhorar ainda mais o diálogo com o público na sala de exibição. |
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Bibliografia | ALMEIDA, Paulo Sérgio & BUTCHER, Pedro. Cinema, desenvolvimento e mercado. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2003.
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