ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | O Globo Repórter de 1973 a 1982: documentário cinematográfico ou jornalístico? |
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Autor | Alfredo Dias D Almeida |
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Coautor | heidy vargas silva |
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Resumo Expandido | No início da década de 1970, um grupo de cineastas do Cinema Novo, capitaneado por Paulo Gil Soares, vai para a televisão fazer documentários. Primeiro, para o programa Globo-Shell Especial, da TV Globo, para o qual realizam 14 dos 25 exibidos de novembro de 1971 até abril de 1973; os demais são realizados pela produtora paulista Blimp Film, dos publicitários Walter Carvalho Corrêa e Carlos Augusto de Oliveira. Os cineastas do Cinema Novo formariam a primeira equipe do Globo Repórter, também da Globo, em sua primeira fase, de 1973 a 1982. Essa experiência suscitou uma série de questionamentos sobre o estatuto do documentário, presente até hoje tanto na academia quanto nas redes de televisão. Nas universidades, discute-se se o que eles produziam era documentário ou reportagem especial, um produto cinematográfico ou televisivo, buscando-se estabelecer fronteiras entre um e outro. No âmbito profissional, essa indefinição se desdobra num questionamento pragmático: a quem cabe a produção de documentários: a um departamento próprio, constituído por profissionais de várias áreas, ou ao de jornalismo? Não pretendemos dar respostas acabadas a essas indagações, mas contribuir para o debate, apontando como o diálogo entre cineastas e jornalistas, ou entre o cinema e o telejornalismo, pode se estabelecer de forma eficiente no âmbito do documentário, a partir de uma breve revisão da experiência do Globo Repórter, da qual participaram os dois tipos de profissionais. Partimos do pressuposto de que o documentário é um produto autoral, em que o processo de realização é determinado pelo embate entre o olhar do realizador, o assunto e as condições de produção, além de pela busca de um equilíbrio entre os conceitos e métodos pré-estabelecidos e aqueles estruturados diretamente na prática. O que se convencionou denominar “documentário jornalístico” pode ser incluído nessa definição. A adjetivação, aqui, determina apenas a adoção de procedimentos metodológicos próprios, mas não exclusivos, do jornalismo – como a eleição de temas atuais, uma estrutura narrativa sustentada em imagens de arquivos e ou entrevistas e um texto de fácil compreensão (“tradução da realidade”). Os trabalhos realizados pelos cineastas e jornalistas para o Globo Repórter são documentários; a uma parte deles é possível pospor o adjetivo jornalístico. Isso fica claro nas rubricas criadas por Soares para o programa, que se revezavam a cada semana: Atualidade, que abordava com profundidade de três a quatro dos principais assuntos de interesse jornalístico do mês; Pesquisa, com documentários sobre música, arte, história; Futuro, sobre pesquisas científicas recentes; e Documento, com documentários sobre assuntos nacionais em geral, do folclore ao esporte. Ainda assim, em nenhum desses documentários a autoria do realizador, quer seja ele cineasta, quer seja jornalista, é ofuscada pela presença do repórter nem pela busca de uma pretensa objetividade, características básicas de uma reportagem especial. Cada realizador adotava estratégias fílmicas diferenciadas, de acordo com a sua experiência e com suas condições de produção, ao abordar o tema escolhido. Sem um padrão geral, cada programa era único na forma e na linguagem. Em comum, só a vinheta de abertura e a de encerramento; e, em alguns dos trabalhos, a narração em voz off de Sérgio Chapelin, na época, locutor oficial do Jornal Nacional. Nessa primeira década, a experiência de se produzir documentários para a televisão foi um sucesso. Os índices de audiência eram altos e a repercussão positiva na mídia refletia a qualidade dos programas, tanto nos planos da estética e da linguagem – uma preocupação intrínseca ao trabalho dos cineastas – quanto no da informação – uma marca do trabalho dos jornalistas. |
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Bibliografia | BALBI, Valéria. 24 fotogramas: telejornalismo Independente. Origem do Globo Repórter. 2006. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo) – Uni FIAMFAAM, São Paulo, 2006. LEMOS, A. C.; MORAIS, W. P. As rotinas de produção e suas interferências nos documentários e reportagens especiais. Anuário Internacional de Comunicação Lusófona, v. A, p. 123-139, 2004. MEMÓRIA Globo. Jornal Nacional: a notícia faz história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. MUNIZ, Paula. Globo Repórter: os cineastas na televisão. São Paulo: Aruanda, 13 ago 2001. Disponível em: |