ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Documentário brasileiro e dispositivo: uma estratégia narrativa contemporânea |
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Autor | Georgia da Cruz Pereira |
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Resumo Expandido | Freqüentemente, os filmes documentários brasileiros contemporâneos se utilizam da construção de um dispositivo como estratégia narrativa. A proposta de pesquisa que segue visa a analisar os documentários brasileiros 33 (2003), de Kiko Goifman, e Acidente (2006), de Cao Guimarães e Pablo Lobato, a partir de suas perspectivas narrativas, buscando identificar de que maneira o dispositivo narrativo desenvolvido pelos diretores atua para a construção das narrativas audiovisuais e a construção das personagens, quais as relações estabelecidas entre ambos. Para tanto, tomar-se-á como ponto de partida a construção e forma de funcionamento desse dispositivo, seus mecanismos de ativação e desativação. Partindo de uma breve contextualização histórica das trajetórias do documentário brasileiro, os processos que interferiram e contribuíram para o desenvolvimento desse cinema, levar-se-á em conta a especificidade de cada um dos filmes analisados, suas características, natureza das imagens produzidas, acontecimentos e situações suscitados pelo dispositivo. Através da metodologia da análise fílmica e dos estudos da narrativa, a proposta de pesquisa pretende discutir os procedimentos utilizados no documentário brasileiro contemporâneo, mais especificamente nos filmes-dispositivo. Assim, dentre os documentários nacionais realizados na última década, busquei aqueles que tivessem como leit motiv a criação de um dispositivo narrativo.
Contudo, outros fatores foram levados em consideração, tais como o caráter híbrido das produções, de modos a mesclar realidade e ficção sob a égide da estética documental; além disso, haveria de ter algo realmente intrigante no que diz respeito à construção das personagens, algo que as afastasse de qualquer clichê elaborado pelo documentário clássico, bem como a redefinição do papel do realizador, as relações de controle e descontrole sobre o dispositivo-filme e suas relações de poder, dos procedimentos internos ao filme. Outro ponto fundamental para a escolha dos filmes diz respeito ao fato de ambos apresentarem uma dupla camada narrativa formada por texto audiovisual e texto escrito. Em 33, esse texto aparece em forma de um diário virtual (disponível em http://www2.uol.com.br/33/800/diario.html, acessado em 15 de agosto de 2008) escrito por Goifman, um hipertexto, que se une à obra audiovisual. Já em Acidente, essa segunda camada narrativa vem em forma de poema. Em ambos os casos, essa dupla camada de texto se funde e dá suporte ao processo de busca criado pelos dispositivos, dando ainda mais visibilidade à idéia de busca apresentada nas obras audiovisuais em questão. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. A estética do filme. Campinas: Papirus, 1995.
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