ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Sob medida para o mercado: derivados televisivos para o público juvenil |
|
Autor | Zuleika de Paula Bueno |
|
Resumo Expandido | O cinema de entretenimento brasileiro se constituiu entre o final da década de 1980 e o início dos anos 2000 de diversos filmes derivados de produções televisivas e realizados “sob medida” para o público juvenil. É o caso, por exemplo, de Sonho de Verão (1990), de Paulo Sérgio de Almeida, Lua de Cristal (1990), de Tizuka Yamasaki e Xuxa Requebra (1999), da mesma diretora.A apresentadora Xuxa (Maria da Graça Meneghel), como se nota, era a grande vedete dessas produções. Conhecida pelo seu trabalho na televisão como a “rainha dos baixinhos”, no cinema seu trabalho se dirigiu, sobretudo na década de 90, para o público adolescente. Os filmes contavam com produtores e diretores experientes, um forte esquema promocional que combinava o seu lançamento com a divulgação maciça no programa diário da apresentadora e o lançamento de álbuns fonográficos associados às produções, além de diversas outras estratégias de marketing, - elementos que resultaram em milhões de espectadores nas bilheterias.
Os grandes sucessos da década de 90, porém, não eram as primeiras experiências da apresentadora nas produções cinematográficas. Maria da Graça Meneghel iniciou sua carreira no cinema antes mesmo de eclodir como grande figura televisiva. Em decorrência de seu trabalho como modelo fotográfico, participara de filmes de grande apelo popular no início dos anos 80, como Fuscão Preto (1983), dirigido por Jeremias Moreira Filho, e o polêmico Amor Estranho Amor (1982), de Walter Hugo Khouri. Com o direcionamento de sua carreira para a apresentação de programas infanto-juvenis na televisão, a ex-modelo reorientaria também a sua participação no cinema, atuando em filmes mais coerentes com seu novo papel profissional, como O Trapalhão e a Arca de Noé (1983), que marcou sua estréia ao lado de Renato Aragão, com quem trabalharia em outros quatro filmes até o final dos anos 80: Os Trapalhões e o Mágico de Oroz (1984), Os Trapalhões no Reino da Fantasia (1985), A Princesa Xuxa e Os Trapalhões (1989) e Xuxa e os Trapalhões em O Mistério de Robin Hood (1990). O sucesso televisivo da apresentadora lhe garantiu autonomia nas produções cinematográficas e, em 1988, Xuxa lançou Super Xuxa Contra o Baixo Astral, o primeiro filme no qual assumiu a posição de protagonista:.Acompanhando a tendência de “juvenilização” de seu público, em 1990 estrelou Lua de Cristal e retornou no final daquela década com outras duas produções juvenis: Xuxa Requebra (1999) e Xuxa Popstar (2000). Também o núcleo juvenil ligado ao programa diário da apresentadora ganhou uma produção cinematográfica própria: Sonho de Verão (1990). A realização do filme esteve atrelado a uma vasta campanha promocional que envolveu a escolha de novas garotas para as vagas de auxiliares de palco no Xou da Xuxa, as chamadas Paquitas. Além disso, a produção lançava a versão masculina da equipe juvenil da apresentadora, os Paquitos. Mais que auxiliares, Alexandre, Robson, Marcelo, Gigio, Cláudio e Yuri formavam uma boy band, ou seja, uma banda de garotos estrategicamente construída para alcançar uma alta vendagem de discos entre o público adolescente feminino. O que se nota claramente é que esta foi uma produção fortemente padronizada e envolveu uma alta concentração de recursos financeiros. Nessa cinematografia derivada de produtos televisivos praticamente não havia riscos. Mesmo num momento tão atribulado para o cinema brasileiro quanto foi o início do governo Collor, em 1990, os filmes da Xuxa mantiveram sua presença nas salas e garantiram milhões de espectadores. Produzido por fortes grupos econômicos, tais filmes repetiam a fórmula televisiva proporcionando, apesar das avantajadas bilheterias, um baixo grau de inovação para o cinema. Resta saber se essas estratégias permitem definir a produção citada como um gênero específico, no caso, o juvenil, questionamento que orienta a proposta desta comunicação. |
|
Bibliografia | BENDASSOLLI, Pedro F., WOOD Jr., Thomaz, KIRSCHBAUM, Charles. , CUNHA, Miguel Pina. “Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades”. RAE, São Paulo, vol.19, no.1, jan./mar.2009, pp.10-18.
|