ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A Trilogia no Cinema |
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Autor | Ricardo Weschenfelder |
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Resumo Expandido | O objeto deste artigo é a trilogia no cinema, particularmente, as que possuem traços autorais inscritos em série. Para realizar a análise, utilizamos como fundamento a noção de série desenvolvida por Foucault na obra Arqueologia do Saber (2005),na qual o autor contrapõe-se à visão da história como algo linear,coeso e cronológico. Foucault prefere considerar que o saber caracteriza-se pelo seu aspecto descontínuo, sujeito à rupturas e transformações ao longo da história. A visão desse autor nos ajuda a entender a construção do discurso na trilogia cinematográfica, como enunciados, que aparecem em três filmes diferentes, são retomados e transformados ao longo de uma série de imagens. De que maneira os filmes concebidos em série comportam-se isoladamente e como anunciam e antecipam questões pertinentes postas em conjunto. A trilogia pode ser considerada uma unidade discursiva dentro de uma obra maior? Qual o ponto de agrupamento em que a narrativa remete ao discurso que a identifica como uma trilogia? Com base em Foucault 2005)elegemos quatro hipóteses para a formação do discurso na trilogia de autor: tema, estilo, formulação e dispersão. Foucault conclui que o discurso é feito de dispersão, sempre se diz através de outros dizeres e a cada novo dizer reformula-se o já dito. Consideramos que os enunciados na trilogia seguem essa mesma dispersão: uma imagem nos remete a outras imagens da série e uma nova aparição da imagem possibilita dizer o mesmo texto de outro modo. O cineasta de trilogia tenta confrontar a dispersão do texto reunindo-o sob um mesmo tema, propondo novas formulações do texto em cada um dos filmes e seguindo um mesmo estilo formal nos três filmes. Achamos que são esses os pontos que ligam enunciados diversos a uma mesma formação discursiva. O número três, sendo indivisível, formaria a imagem de algo inteiro, que não pode ser separado ou partido. Será possível encerrar um texto, lhe conferir unidade e conjunto definitivos? Como a trilogia se relaciona com os demais textos de um determinado autor? Para essas questões trazemos o pensamento de Eni Orlandi (1988, 1996, 2001) sobre a relação do autor com seu imaginário. Temos acesso, por meio da análise, ao funcionamento do discurso, a regra de significação (a linguagem) que o autor seguiu ao longo da trilogia e que, afetado pela exterioridade (o real) o fez trilhar os mesmos passos, repetir uma mesma ordem do discurso. Como objeto de análise utilizamos a Trilogia do Silêncio de Bergman, a Trilogia da Incomunicabilidade de Antonioni, a Trilogia da Guerra de Rossellini, a trilogia da cineasta brasileira Ana Carolina e a trilogia de Fassbinder . |
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Bibliografia |
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