ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | O sujeito e a personagem: emoção e ambigüidade pela mediação digital |
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Autor | Cesar Baio |
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Resumo Expandido | No campo da produção simbólica contemporânea, marcado pela crescente diluição das barreiras entre as linguagens, emerge um grupo crescente de obras marcadas pela intenção de explorar as possibilidades criativas disponíveis na intersecção das artes plásticas, do cinema e das tecnologias digitais de mediação. As abordagens deste tema pelos criadores/realizadores são as mais diversas, contudo é possível perceber o surgimento de um conjunto de instalações que tomam as relações entre público e obra como ponto fundamental de sua proposta, envolvendo público e personagens (programadas pelos algoritmos computacionais) em uma relação direta, em primeira pessoa.
Algumas destas obras fazem o visitante da exposição se questionar sobre a sua posição de “espectador”, como 4 Walls (2001), de Lucas Bambozzi, em que a personagem da imagem é capaz de perceber que é objeto do olhar de um “outro” (o público) e passa a reagir a essa situação. Por outro lado, dispositivos de biofeedback , como o utilizado na instalação Perversely Interactive System (2002), de Lynn Hughes e Simon Laroche, propõem ao público um mergulho em suas próprias emoções para “controlar” a personagem da obra. Estas obras muitas vezes colocam em operação algoritmos que assumem certa medida de ambigüidade e mistério, como a instalação Syntonie (2001-2002), de Jean Debois, na qual a personagem usa de sedução e provocação para propor uma relação de troca com o visitante em uma espécie de jogo de emoções, centrado em toques e carícias. Em obras como estas, em maior ou menor grau, as atuações que são demandadas do público são pouco objetivas, ambíguas e, por vezes, requisitam o contato direto do participante com suas emoções. Este texto pretende fazer uma abordagem analítica destas obras visando debater algumas das questões que emergem na imbricação entre cinema e artes plásticas no contexto de mediação por tecnologias digitais. Busca-se interrogar sobre a posição reservada ao sujeito na obra, questionando os conceitos de espectador e interator, em relação ao papel reservado ao visitante destas instalações. Por outro lado, as noções de cena e personagem são também colocadas em crise por estas obras. A abordagem desta problemática será realizada a partir das reflexões a respeito da mudança do estatuto da imagem, em especial sobre a passagem do campo da representação para o da simulação, partindo de Lev Manovich, Peter Weibel e Edmond Couchot, e sobre a participação do público na imagem digital de Janet Murray, Claudia Giannetti e Arlindo Machado. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques e outros. A estética do filme; tradução Marina Appenzeller. Campinas; Papirus, 1995.
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