ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | As asserções gráficas atuantes no documentário 'Tarnation' |
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Autor | Marcelo Vieira Prioste |
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Resumo Expandido | Selecionado em importantes festivais de cinema como Sundance e Cannes em 2004, o documentário Tarnation (EUA, 2003) dirigido por Jonathan Caouette, produzido totalmente a partir de imagens de arquivo pessoal do próprio diretor, é aqui analisado, principalmente sob o ponto de vista da construção da imagem. No livro Análisis del film, Jacques Aumont e Michel Marie abordam as diversas formas de se estabelecer uma análise cinematográfica. Neste caso, o ponto de vista foi direcionado para composição visual que corresponde às manifestações plásticas, retóricas e culturais a serem observadas com, até mesmo, o sentido de metáfora ou metonímia. (AUMONT; MARIE, 1990).
O filme, originalmente montado a partir de um computador pessoal, tem dois pontos de destaque neste estudo: a tipografia aplicada aos intertítulos que conduzem a narrativa e a manipulação da imagem pelos efeitos especiais de pós-produção digital, ambas feitas a partir do software de edição iMovie. Em Tarnation, a utilização dos intertítulos cumpre uma função enunciativa típica dos primórdios do cinema documentário da década de 1920. Relatam fatos, marcam momentos específicos no tempo e indicam lugares. Pode-se dizer que toda a voz narrativa (NICHOLS, 1991) do filme está organizada pela presença dos intertítulos, sendo que a variação tipográfica a eles aplicada oferece diversas possibilidades de estudo. Quanto ao uso de imagens de arquivo, há um material extenso e das mais diversas origens como super-8, betamax, vhs, hi-8, mini-dv, fitas cassetes e inúmeras fotos (MELLO, 2007) incorporados ao filme, em que nota-se a intensa aplicação de diversos efeitos digitais em prol daquilo enunciado pelos intertítulos, corporificando uma “asserção gráfica” no decorrer de todo o filme. O resultado é uma construção narrativa orientada por elementos gráficos que enunciam asserções sobre o universo do diretor/personagem Jonathan Caouette, sempre no intuito de contar sua história por meio de imagens nostálgicas de sua vida e de sua família, particularmente sua mãe, ao longo de mais de 20 anos. Assim, destaca-se neste estudo a linguagem visual desenvolvida por Caouette, capaz de agenciar imagens das mais diferentes texturas para alinhavá-las em uma intensa estrutura narrativa, inclusive abarcando diversas referências a produtos da chamada cultura pop, da linguagem dos videoclipes aos filmes “b” de terror. Fato que faz de Tarnation, além de exemplificar o modo de representação performático (NICHOLS, 2001) e, conseqüentemente, da subjetividade dentro do cinema, também demonstrar o amplo espectro de possibilidades criativas no cinema documentário contemporâneo. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. Análisis del film. Barcelona: Paídós, 1990.
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