ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Trânsito e (i)mobilidade: por uma perspectiva crítica do transnacional no cinema latino-americano |
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Autor | Alessandra Soares Brandão |
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Resumo Expandido | Movência, trânsito, migrações, mobilidade, fluidez são palavras que surgem no cenário contemporâneo, compondo uma rede complexa de relações e passagens que James Clifford chama de (des)ordem mundial e que queremos ler a partir da noção de espaço rizomático, de que falam Gilles Deleuze e Félix Guattari, e do conceito de trânsito, que Giuliana Bruno recupera do filósofo Mario Perniola, para pensar a expressão cultural e a política do cinema como o lugar da viagem. Esse contexto convida o olhar para os itinerários de desenraizamento e desterritorializações que se engendram nos fluxos e viagens imaginados com larga recorrência no cinema latino-americano contemporâneo. Sob a lógica do rizoma, os fluxos apontam para direções diversas, mapeando linhas de fuga que chamam a atenção para o exercício nômade como forma de enfrentamento da ordem dominante, da supremacia do Império, como pensado por Antonio Negri e Michal Hardt. É nas malhas desse Império que a mobilidade, aqui entendida como modelo político, nômade, de transformação social, pode liquefazer-se nas franjas do periférico, e o movimento nem sempre constrói a mudança, chamando atenção também para as negociações e tensões entre mobilidade e imobilidade, o dentro e o fora, a morada e a viagem (Bruno).
A fluidez desse contexto atual, que tanto agrega como dispersa multidões, nos permite mapear as forças transnacionais que se sobressaem no cinema latino-americano contemporâneo, saindo de uma perspectiva de mera representação para buscar o lugar político do trânsito, o devir nômade que desterritorializa os sujeitos e modula identidades líquidas. Assim, com a porosidade das fronteiras nacionais desestabilizadora de identidades fixas, passamos a percorrer rotas transnacionais, formuladoras de subjetividades nômades (Rolnik) que se esparramam nos interstícios da passagem e nos entre-lugares (Santiago) da cartografia transcultural latino-americana. Desse modo, interessa-nos discutir essas perspectivas transnacionais sob uma ótica teórica e crítica. Recusando uma visão redutora do conceito, propomos pensar o transnacional, junto com Higson, não como esvaziamento ou negação do nacional, mas como um novo paradigma político, que assume o aspecto fluido das identidades, vistas sempre em formação, e reconhece os lugares de diferença e contradições que fraturam as comunidades imaginadas, abrindo espaço para forças desterritorializadoras. Buscamos, pois, uma mirada do cinema latino-americano contemporâneo que se pauta na vazadura das fronteiras e nas possibilidades políticas do trânsito, percebendo sua trajetória transnacional como potência política e lugar de devir. |
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Bibliografia | APPADURAI, Arjun. Modernity at Large: Cultural Dimensions of Globalization. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2005.
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