ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Uma noção de civilização no cinema de Manoel de Oliveira |
|
Autor | Mauro Luiz Rovai |
|
Resumo Expandido | O objetivo deste trabalho é apontar como pode ser construída uma temática de fundo sociológico nas obras de Manoel de Oliveira por meio da articulação de alguns recursos expressivos do cinema, como enquadramentos, música e diálogos, de um lado, e a encenação de certas seqüências. As seqüências a serem analisadas são aquelas que acontecem durante as situações à mesa, aspecto peculiar em alguns filmes recentes do cineasta, como Non – ou a vã glória de mandar (1990), Viagem ao princípio do mundo (1997), Um filme falado (2003) e Belle toujours (2006). O ponto de partida deste trabalho é apontar como as situações à mesa ou, de maneira mais ampla, as que ocorrem durante as refeições, atuam como suporte para o desenvolvimento do “falado”. A partir daí, o que se pretende explorar é como o jogo entre diálogos e silêncio, de um lado, música, luz e enquadramento, de outro, permitem elaborar uma perspectiva sobre a civilização ocidental e, muito particularmente, a européia. Em vista disso, os elementos a serem destacados no correr da análise estão ligados a determinadas passagens dos filmes citados, a saber: 1 - as rememorações que têm como pano de fundo ora o passado individual, ora o histórico, nos momentos de descanso do destacamento militar que luta em uma ex-colônia na África; 2 - a dificuldade de comunicação entre uma tia portuguesa que recebe em sua casa, no interior de Portugal, o sobrinho, nascido e criado na França, que “não fala a nossa fala”; 3 - aos encontros que ocorrem durante as refeições no salão de festa iluminado de um navio em Um filme falado; e, 4 - a parte final de Belle toujours, no qual uma sala em penumbra serve de palco para o jantar de dois personagens criados originalmente por Luis Buñel. A idéia de civilização será explorada nas passagens indicadas, buscando não apenas identificá-la no que é efetivamente dito nos diálogos, como, também, a que é provocada por meio da articulação dos recursos estéticos empregados pelo diretor na realização das seqüências. Parte da proposta em tela tem sido desenvolvida na pesquisa mais ampla que realizo sobre Manoel de Oliveira. Em vista disso, embora as passagens citadas dos quatro filmes sejam importantes, o ponto central da análise incidirá sobre o filme de 2006, Belle Toujours, por ter sido o menos explorado até o momento. |
|
Bibliografia | BATAILLE, Georges. O Erotismo. Trad. Antonio Carlos Viana. Porto Alegre, L&PM, 1987.
|