ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Uma história do cinema amador brasileiro: filmes e questões |
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Autor | Lila Silva Foster |
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Resumo Expandido | Na introdução do texto “Il cinema amatoriale”, que compõe a obra de cinco volumes sobre o cinema mundial e seus desdobramentos teóricos organizado por Gian Pierro Brunetta, Roger Odin identifica a quase exclusão do cinema amador do movimento de renovação historiográfica em curso nos últimos anos. Mesmo sendo uma prática constitutiva do desenvolvimento do cinema em todas as suas esferas—comercial, tecnológica, estética e social—o cinema amador pouco se beneficiou da renovação de perspectivas e fontes de pesquisa.
O primeiro problema é conferir aos filmes amadores, incluindo não somente ficções amadoras ou filmes de vanguarda, mas também, filmes de família, filmes científicos produzidos por profissionais liberais, filmes de viagem etc., o estatuto de objetos dignos de estudo. Autores que se dedicaram ao tema, destacando o próprio Odin e a historiadora americana Patricia Zimmermann, reconhecem que o exame do filme amador exige uma ampliação dos métodos de pesquisa e o reconhecimento de que o cinema é uma prática visual em diálogo com outras instâncias e anseios da sociedade. O estudo do cinema amador deve ampliar as fronteiras do cinema como arte e/ou comércio ou do filme como uma obra. Reconhecida a importância do cinema amador, surge um outro problema que é como agrupar práticas tão distintas em uma mesma categoria. A incursão neste universo de pesquisa apresenta, pela escassez de um debate mais amplo sobre o tema, uma grande dificuldade que é a da própria definição do campo de estudo. Definido em contraposição ao cinema profissional, a flutuação evidente do segundo termo já mostra o quão essa definição é insuficiente. Afinal, o que define o cinema profissional? O tipo de equipamento utilizado? A capacidade de criar narrativas ficcionais com competência? Filmes produzidos por grandes produtoras e de grande circulação? É necessário, portanto, compreender a prática amadora dentro de recortes específicos, o que não significa excluir a possibilidade de uma história que contemple certas vertentes do cinema amador de forma ampla. Diante da heterogeneidade da produção amadora, a constituição do objeto de estudo e a escolha dos níveis de análise são, portanto, mais do que fundamentais. Roger Odin estabelece quatro elementos recorrentes em obras que analisaram o cinema amador: a história técnica, a história dos cinegrafistas amadores, o filme amador no âmbito local e a história discursiva. Considerando também que a prática amadora se define por constituir um espaço comunicativo diferenciado, Odin ainda analisa a especificidade de dois espaços do filme amador: o espaço do filme de família e o do clube amador. No nível prático, a particularidade do cinema amador também se assenta no fato de que sua história é contada a partir de vestígios, de poucos filmes que chegaram até os arquivos e conservados até hoje. Para a discussão das questões elencadas pelo texto de Odin, e trazendo o debate para o contexto brasileiro, a presente proposta de comunicação pretende analisar o lote de filmes amadores da Cinemateca do Capitólio de Porto Alegre contemplados pelo Programa de Restauro da Cinemateca Brasileira. O lote inclui a produção do fotógrafo e cinegrafista amador Sioma Breitman-- proprietário da loja de equipamentos fotográficos Casa Aurora em Santa Maria, RS--, os filmes de família Fernando Machado Moreira e as ficções produzidas pelo Foto Cine Clube Gaúcho. Produzidos entre 1930 e o final da década de 50, os filmes analisados devem ser fonte de questões sobre a prática do cinema amador no Brasil e as suas especificidades. |
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Bibliografia | ISHIZUKA, Karen L. e ZIMMERMANN, Patricia R. Mining the home movie :
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