ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Alan Splet: Revisão Crítica da Obra |
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Autor | Eduardo Simões dos Santos Mendes |
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Resumo Expandido | Nos anos 1970 surgiram no cinema novos profissionais que modificaram a linguagem e a forma de produção, especialmente no cinema norte-americano. A produção independente ganhou espaço. Novos diretores, fotógrafos, roteiristas e muitos outros especialistas conseguiram se inserir na indústria do audiovisual, grande parte deles vindo de escolas de cinema.
Dentro desse universo de novas propostas nos EUA, novas profissões foram criadas. Dentre elas, talvez a mais importante tenha sido o sound designer. Esse termo foi consagrado por Walter Murch e Ben Burtt, dois ex-estudantes da University of Southern California que nesse período realizaram importantes trabalhos como Apocalipse Now e Guerra nas Estrelas, respectivamente. Até a década de 1970, não havia um chefe de equipe que fosse o responsável pela aplicação na área do som dos conceitos propostos por um diretor para um filme. Na área de imagem, o diretor de fotografia era o responsável por fazer com que a concepção do diretor ganhasse forma pela escolha de lentes, enquadramentos, luzes e sombras; o diretor de arte transformava as idéias do diretor em formas e cores, cenários, figurinos, maquilagem e cabelos; o montador criava ritmos e significados ao editar imagens e sons porém, na área de áudio não havia uma pessoa que unificasse o pensamento sonoro da obra. A realização era fragmentada em três diferentes chefes de equipe, um para cada etapa de produção: durante a filmagem, o técnico de som direto; durante a edição de som, o supervisor de edição de som e durante a mixagem, o mixador. Três diferentes profissionais nem sempre unidos por um único conceito. O sound designer surgiu, então, para suprir essa lacuna. Ele acompanha o projeto desde a sua gênese - o roteiro cinematográfico, sugerindo idéias sonoras que ampliem as propostas narrativas indicadas, até a mixagem, criando com o mixador o universo sonoro concebido junto com o diretor do filme. É nesse cenário que Alan Splet desenvolveu sua arte. Seu primeiro trabalho creditado foi um curta-metragem dirigido por David Lynch - The Grandmother (1970). A partir desse trabalho, iniciou-se uma profícua relação que transformou a obra de Lynch de um artista plástico essencialmente preocupado com a imagem para um cineasta que utiliza sons e imagens em benefício de seu trabalho. Com Lynch, Alan Splet realizou quatro longa-metragens: Eraserhead (1977), O Homem Elefante (1980), Duna (1984) e Veludo Azul (1986). Em 1979, Splet começou outra parceria criativa com o diretor Caroll Ballard em O Corcel Negro (1979) que lhe deu um Oscar especial de efeitos sonoros. Ainda com Ballard, Splet fez Os Lobos Não Choram (1983) e Vento (1992). Ele também trabalhou com outros importantes diretores como Philip Kaufman em A Insustentável Leveza do Ser (1986) e Henry e June (1990); Peter Weir em A Costa do Mosquito (1986) e Sociedade de Poetas Mortos (1989) e Bob Rafelson em Montanhas na Lua (1990). Entre 1970 e 1993, Alan Splet desenvolveu uma forma única de relacionar o som e imagem, em especial no que se refere à criação de ambientes. Segundo Gary Rydstrom “Splet era o melhor em utilizar ruídos de modo psicológico e musical. Seus ambientes eram incríveis: aplicando ritmos e timbres sonoros de forma evocativa como um compositor musical faria.” (Kenny, 2004) Uma revisão crítica da obra de Splet, um sound designer tão importante quanto Murch ou Burtt mas esquecido após a sua morte em 1995, é a pesquisa que proponho para apresentação no encontro da Socine 2009. |
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Bibliografia | BALÁZS, Béla. A face das coisas. In: Xavier, Ismail (org) A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Graal, 1983. p. 92-96.
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