ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Shooting Jean Charles: um case de financiamento transnacional |
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Autor | Alessandra Meleiro |
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Resumo Expandido | O Brasil apresenta-se como um país de possibilidades - juntamente com Índia e China é o terceiro país mais desejável para investimentos internacionais e, ao longo dos próximos 50 anos, tornar-se-á um ator fundamental no mercado mundial. No entanto, é difícil obter financiamento privado para filmes no país, já que investidores não estão aptos a enfrentar os riscos decorrentes da atividade. Poucos produtores conseguem financiamento de uma única fonte de recurso e, comumente, filmes dependem de uma multiplicidade de acordos.
Existe uma tendência para que as co-produções cinematográficas tornem-se o principal modelo de viabilização das produções no futuro. O governo brasileiro tem adotado, embora timidamente, políticas para estimular co-produções através da expansão das relações institucionais com países em desenvolvimento. O termo co-produção é geralmente aplicado a qualquer forma de co-financiamento (pré-venda para um canal de televisão, distribuição para salas de cinema ou venda para outros territórios) ou colaboração financeira e criativa entre vários produtores (incluindo broadcasters). Nos últimos anos, acordos de co-financiamentos com o Brasil foram mais recorrentes do que acordos de co-produção inter-governamentais. Novas formas de financiamento vindos da Europa, por meio de pequenos incentivos e do investimento na co-produção, tem também facilitado o acesso a canais de exibição internacionais. Entre os acordos de co-produção e fórmulas de financiamentos existentes hoje entre Brasil e Europa encontram-se Ibermedia (financiamento), Fond Sud (financiamento), e acordos de cooperação cultural Brasil-Portugal, Brasil-Itália, Brasil-Alemanha, Brasil-França, Brasil-Espanha, dentre outros. Estes acordos de co-produção internacional resultam do trabalho do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores e da assessoria internacional da Ancine, a partir do reconhecimento do audiovisual como instrumento de diplomacia cultural. Iniciativas como estas, no campo da política internacional, revelam-se extremamente importantes para se conseguir a internacionalização do cinema brasileiro. Porém, a expansão das fronteiras cinematográficas não resulta unicamente de acordos governamentais. O filme Jean Charles, com previsão de estréia em 2009, no Brasil e na Inglaterra, dirigido pelo brasileiro Henrique Goldman, é um exemplo. Com produção-executiva de Stephen Frears e orçamento de R$ 8 milhões, captados entre Brasil e Reino Unido, o longa-metragem não contou com o apoio de um acordo de co-produção formal entre os dois países. Muito embora as captações financeiras tivessem envolvido a Ancine, no Brasil, e o UK Film Council, órgão governamental britânico, a viabilização do filme não se fez possível por decorrência de um esforço político-diplomático, mas sim pelo esforço investigativo sobre operações financeiras transnacionais pela equipe de produção brasileira e britânica. A apresentação de um estudo detalhado do modelo de financiamento do filme Jean Charles evidenciará que, a partir de certa dimensão de produção, é quase impossível para o cinema brasileiro viabilizar-se somente com o mercado (e financiamento) interno. Faz-se necessária, portanto, a ampliação dos instrumentos legais de co-produções internacionais hoje existentes, para que se possa garantir a legalização do fluxo de financiamentos e a ocupação de mercados no exterior. |
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Bibliografia | Jäckel, Anne. European Film Industries. British Film Institute, 2003, London.
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