ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Como criar para si um filme com? |
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Autor | Andre Piazera Zacchi |
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Resumo Expandido | O título tem no mínimo duas referências. A primeira é do texto de Deleuze (Mil Platôs 3) que se apresenta como um manual de criação para si de um corpo sem órgãos. A segunda é a idéia de um "si" que tento destruir na proposta, seguindo a linha de Jean-Luc Nancy e sua desontologia. O “filme em si" faz parte de uma série de conceitos que perpetua o jogo biopolítico atual, que dá crédito às categorias, à materialidade do filme e às análises que renovam a separação cartesiana de sujeito e objeto, ainda que na vertente erudita de uma fenomenologia. A proposta do “filme com” tenta destituir o filme de sua condição de obra, de representação, para vê-lo como força, como vetor apto a desequilibrar o arranjo de forças sempre tenso. O filme inoperante, forte em sua pluralidade (na sua existência com), mas renovado em sua singularidade (duas condições que lhe são simultâneas e indissociáveis) estaria num estado latente de significância, de vazio, de entre-lugar, um vazio que se atualiza para ser constante potência. O “filme com” não é disponibilidade para preenchimento de significado senão potência de vazio, atividade constante de inoperância. A partir da idéia de “filme com”, a análise fílmica e mesmo a crítica cinematográfica só existem nesse “com” que não é encontro, não é fenômeno, é aparição conjunta, é co-incidência. A abertura de cada plano à duração em seu estado de imagem-afecção é sempre uma potência messiânica de que “com” a imagem apareçam vestígios de uma força que mantém a vida enquanto zoé abandonada. Será que todos os filmes teriam essa capacidade? Seria possível uma crítica atravessada pelo filme que apostasse suas fichas na aparição, na sua existência indissociável da singular pluralidade? Como o filme pode ultrapassar a forma (representação) para evidenciar-se como gesto, como força, como “filme com”? Como o espectador é no filme? Como eu, sendo no filme, sendo com o filme, vejo e me vejo? São alguns dos questionamentos do percurso que proponho. |
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Bibliografia | AGAMBEM. Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte, UFMG, 2002.
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