ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Do filme à série; da série ao filme: trânsitos entre audiovisuais brasileiros contemporaneos |
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Autor | Miriam de Souza Rossini |
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Resumo Expandido | A proposta desta apresentação é analisar os procedimentos usados na tradução intersemiótica entre dois tipos de produtos audiovisuais: o filme e as narrativas seriadas televisivas. Ela faz parte do projeto de pesquisa “Convergência tecnológica e tradução intersemiótica entre imagens audiovisuais: as aproximações entre cinema e tevê”, desenvolvida junto ao PPGCom da UFRGS. Integram o grupo de pesquisa a Profa. Dra. Fatimarlei Lunardelli e os alunos de Iniciação Científica Julia Bertoluci de Souza (PIBIC/UFRGS) e Márcio Telles da Silveira (BIC/CNPq).
A análise centrará no estudo de dois casos: o filme Antonia (2007), de Tata Amaral, e as duas temporadas da minissérie Antonia (assinada por mais de um diretor), e o filme A grande família (2007), de Maurício Farias, e a série A grande família, que está no ar desde 2001, e que tem em Maurício Farias o seu diretor geral. Neles serão analisados os aspectos de temáticas, convergências tecnológica e de conteúdo, e os modos como os diálogos entre cinema e tevê influenciam nas escolhas narrativas, estéticas e de montagem desses produtos. A pesquisa, que está na fase final, visa a compreender as alterações provocadas pela convergência, tecnológica e de conteúdo, entre cinema e televisão nos produtos audiovisuais brasileiros contemporâneos. Em outras ocasiões, já foram discutidas questões tecnológicas e de mercado, bem como aspectos conceituais ligados a gêneros e formatos televisivos e cinematográficos. Queremos agora compreender se esses diálogos deixam marcas nos produtos e que marcas são essas. Novos projetos de sinergia entre cinema e tevê estão sendo estimulados em especial pela Rede Globo e seu braço cinematográfico, a Globo Filmes, e têm por base tanto a grade televisiva da emissora (no caso A grande Família), quanto produções independentes de cinema e que podem ser repensados para levar uma temática nova para a televisão (o exemplo aqui é Antonia). Tanto cinema como tevê estão vinculados a uma indústria cultural, que necessita de novidades para se manter e atualizar. Aproximar a produção dos dois meios permite que tanto cinema quanto tevê se repensem enquanto linguagem audiovisual. O cinema brasileiro, tão marcado por uma estética de agressão ao público (ROSSINI, 2007), revê suas posturas ao dialogar com outro modelo estético e de representação, aproximando-se de experiências anteriores aos anos 60 e que foram abandonadas por uma boa parcela dos diretores cinematográficos do país. Já a televisão, ao trazer para a sua grade programas gestados no campo do independente cinema brasileiro, também se renova, pois mostra que possui espaço para a experimentação narrativa, temática e estética. Os dois objetos a serem analisados dão conta dessas dinâmicas. Ao mesmo tempo, a vinculação que se propõe estabelece um novo tipo de seriação, que não é mais aquela compreendida a partir de um mesmo meio. A dispersão de conteúdos na mídia audiovisual transforma o modo como a seriação se dá, pois o público se movimenta da sala de cinema para a sala de estar, ou vice-versa, para acompanhar as trajetórias dos personagens. As narrativas muitas vezes são completadas ou ampliadas no outro meio. É isso que Henry Jenkins (2008) chama de convergência de conteúdo. Como base teórica para estas discussões serão usados Omar Calabrese, em seu famoso livro A idade neobarroca (1987), em especial o tópico sobre repetição e serialidade. Na convergência de formatos entre cinema e tevê se aproveitará a discussão feita por José Luis Castro de Paz sobre o caso norte-americano, no livro El surgimiento del telefilme (1999). As discussões de convergência tecnológica serão feitas a partir de Arlindo Machado e de Phillipe Dubois, em seus múltiplos trabalhos sobre cinema, vídeo e televisão. Sobre o Núcleo Guel Arraes, lugar de origem dos projetos analisados, usaremos o livro Guel Arraes, um inventor no audiovisual brasileiro, organizado por Alexandre Figueroa e Yvana Fechine (2008). |
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Bibliografia | CALABRESE, Omar. A idade neobarroca. Lisboa: Edições 70, 1987.
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