ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Jean Rouch no fim da década de 50 |
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Autor | Paulo Menezes |
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Resumo Expandido | Este trabalho faz uma discussão de dois filmes de Jean Rouch, Pirâmide Humana de 1958 e de Crônica de um verão, de 1960, tendo como parâmetro principal a superação dos problemas advindos da crítica extremamente negativa que seu filme anterior, Les Maîtres Fous, teve nos cinemas europeus e africanos. Discute-se como Rouch muda radicalmente sua estratégia narrativa, como a fundante de Les Maîtres Fous, em direção de uma nova concepção de cinema que expressasse relações interculturais diferenciais de maneira mais reflexiva.
Se naquele filme, como discuti anteriormente (cf. Menezes, 2007), tem-se um eixo de constituição de narrativa fundada em vários pressupostos positivistas, como a legitimação científica da voz-de-Deus do narrador, a narração como explicação do "real", no caso um ritual, bem como a seqüência clássica de construção do “outro” dentro dos parâmetros de constituição social e cultural do narrador e de sua cultura, definindo aquele que ele olha e concebe enquanto filme, nos outros dois isso mudará radicalmente. No primeiro, Pirâmide Humana, realizado ainda em África, a questão da relação inter-racial e intercultural será abordada por meio de uma “encenação” de uma classe de escola dividida, também fisicamente, entre brancos e negros. Com o passar do semestre as relações se alteram criando situações inusitadas fruto da própria perda de referências entre o que seria “encenação” e o que seria a expressão dos problemas ali fundados que se utilizavam da “encenação” para se expressar. No segundo, Crônica de um verão”, retornam dois dos “personagens”/pessoas do filme anterior, mas em um contexto radicalmente diferente, pois agora se trata de vasculhar uma “tribo” especial que são os parisienses perto de suas férias de verão, em um momento relativamente conturbado da vida política francesa. O que esse trabalho irá discutir é como a estratégia diferencial adotada nesses dois filmes irá a cada passo propor a construção de um “outro” de maneiras diferenciais, que serão analisadas nos dois casos em relação ao que superam da posição narrativa de Les Maîtres Fous, bem como em suas relações entre si como duas possibilidades muito diferentes de se pensar as diferenças culturais e os diferentes grupos sociais dentro de uma aparentemente mesma cultura. |
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Bibliografia | CinémAction. Jean Rouch oú le cine plaisir. 81, 1996.
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