ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A Intuição Democrática no Ensino Audiovisual de Jovens para Jovens |
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Autor | Moira Toledo Dias Guerra Cirello |
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Resumo Expandido | A Intuição Democrática no Ensino Audiovisual de Jovens para Jovens
- Ou o Cinema como ferramenta para aprender a viver em grupo Em alguns anos olharemos para trás e notaremos que ao longo da década de 2000 ocorreu no país uma pequena revolução no que diz respeito à distribuição geográfica e social de quem produz audiovisual. Financeira e industrialmente a transformação não foi significativa, mantendo-se a concentração da produção profissional e de recursos nos mesmos nichos. No entanto, a partir de uma conjuntura social muito propícia, o saber em si, a potencialidade produtiva, a tecnologia de leitura e criação nessa mídia foi desmistificada e amplamente difundida para jovens de todo o país em uma corrente virtuosa na qual ONG´s, Pontos de Cultura e aparelhos públicos convergiram no uso dessa ferramenta. Nesse contexto, poderia se supor que o ensino audiovisual, a um só tempo, serviria à expressão artística e ofereceria uma alternativa de formação profissional. Os dois formatos foram amplamente experimentados, contribuindo para a formação de uma geração de jovens profissionais, hoje inseridos e mesclados ao mercado, e para o surgimento de novos talentos criativos, que aos poucos vem sendo também incorporados pelo mercado. No entanto, dadas as características continentais do país, o impacto relativo das ações envolvendo educação audiovisual ainda é tímido. Em pesquisa ainda em andamento, estimamos em no máximo 10.000 o contingente de jovens diretamente formados pelas iniciativas em atividade nos últimos 10 anos. Destes, 5% atuam no mercado audiovisual. E apenas 30, ou 0,3%, produzem audiovisual com alguma regularidade e de maneira independente. Então qual seria a justificativa para tais atividades? Sem dúvida, ainda que poucos, esses jovens que produzem de maneira independente renovam e tornam mais diverso o mercado. Ainda, os inseridos no mercado como profissionais também contribuem com as estatísticas de emprego. Mas a grande, talvez a maior conquista desses dez anos de experiência reside justamente...na experiência. Ou no combate cotidiano ao seu desperdício. A grande maioria dos educadores que ensinam audiovisual para jovens são também eles jovens, muitas vezes recém-formados em cursos de cinema e comunicação. Pesquisando e entrevistando coordenadores e educadores de todo o país - nessa pesquisa em andamento - descobrimos que o desafio cotidiano de inventar maneiras criativas de ensinar cinema tem gerado situações improváveis e visionárias - que por todo o seu frescor em alguma maneira renovam nosso olhar com relação a educação formal e seus dilemas. A intuição dos educadores, de norte a sul do país, tem os levado a soluções semelhantes separadas no tempo-espaço, que evidenciam a existência de um Zeitgeist, de um "espírito da época", em que ao se recusar os modelos hierárquicos da escola tradicional reinventa-se e dá-se novas cores ao que ao longo do século XX se convencionou chamar educação democrática ou libertária. Intuindo e experimentando, esses jovens educadores tem feito do cinema um meio para uma transformação muito poderosa na atitude dos alunos: a partir das experiências cinematográficas, os jovens vem sendo preparados para a vida. "A partir do momento que você aprende a trabalhar em grupo que você passa a respeitar as idéias do outro, passa a respeitar o outro. Você acaba convivendo em sociedade de uma forma bem melhor. Então a gente acaba dizendo que aprende muito mais do que cinema aqui. A gente aprende realmente a conviver em sociedade. Conviver em grupo." (Tamiris, ex-aluna, Cinema Nosso, Rio de Janeiro). Esse artigo apresenta um olhar sobre os seguintes aspectos da pesquisa de doutorado em andamento: a intuição democrática dos jovens educadores audiovisual e a percepção de aprendizado de seus alunos. |
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Bibliografia | ALVES, Rubem. (2001). A escola que eu sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. São Paulo: Papirus.
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