ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A femme fatale em trânsito: o caso Transylvania |
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Autor | Luanda Taveira Fernandes |
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Resumo Expandido | A resignificação do espaço tempo pelas novas tecnologias, bem como a atual configuração do mundo numa era pós-colonial, apresentam novas possibilidades de movimento, individuais ou diaspóricos, por perspectiva política ou econômica, mas ainda assim, reafirma o que o autor Michel Maffesoli chama de pulsão de errância, em que “o devir é o ser”.
É exatamente essa “pulsão de errância” a premissa do cinema do diretor franco-argelino Tony Gatlif. Em toda sua filmografia – 16 títulos – os personagens estão na condição de estrangeiros. Todas as demais experiências decorrem da experiência primeira de estar em trânsito, desde o erotismo, intimamente relacionado ao nomadismo, até a transcendência – e o caminho que leva a ela, trágico por excelência, por estar o tempo inteiro marcado por perdas -, objetivo (consciente ou inconsciente) da errância. O presente estudo concentra-se na obra mais recente do autor, Transylvania (2006), em que pela primeira vez em sua filmografia, Tony Gatlif coloca uma mulher como protagonista de um road movie. A proposta é analisar o trânsito sob a perspectiva feminina, não apenas feminina, mas sob a perspectiva de uma femme fatale, um dos arquétipos mais populares na arte no século XX, que a autora Camille Paglia define como uma das mais “mesmerizantes personas sexuais” em que o perigo reside justamente no fato de “que ela fica, parada, plácida e paralizante”. A intenção é compreender como o gênero influi no trânsito. Sob uma perspectiva pagliana, o road movie estaria mais associado ao arquétipo do menino bonito, oposição e complementação da femme fatale, já que é o menino bonito quem sempre parte em busca de novas aventuras, novos amores, novas terras. O cowboy e o marinheiro são algumas das expressões do arquétipo do menino bonito. Ao subverter essa lógica, Transylvania traz uma nova possibilidade para a representação do feminino – e da femme fatale - no trânsito. Tony Gatlif está entre os autores que apresentam possibilidades de representação mais plurais do feminino nos filmes de viagem, em relação à tradição do gênero road movie. A intenção é mostrar a relação dialógica que o filme estabelece com outros filmes com uma mesma proposta de representar a mulher enquanto produtora de significado, e não só portadora de significado - como observa Laura Mulvey em seu seminal artigo “Prazer Visual e Cinema Narrativo – dentre eles O Céu de Suely (Karim Aïnouz, 2006) e Morvern Callar (Lynne Ramsey, 2002). |
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Bibliografia | KAPLAN, E. Ann. A mulher e o cinema: os dois lados da câmera. Rio de Janeiro: Rocco, 1995
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