ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Efeitos visuais: conceitos em debate |
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Autor | Roberto Tietzmann |
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Resumo Expandido | Na área do cinema e audiovisual, o termo efeitos visuais é uma atualização do que era citado como efeitos fotográficos especiais, popularmente conhecido por sua abreviação, efeitos especiais. Tal mudança para um termo mais abrangente ocorreu a partir da difusão de meios eletrônicos de produção audiovisual na década de 1960 e 1970 e sua posterior digitalização a partir dos anos 1980 e 1990. Tratar de efeitos visuais, portanto, siginifica referir-se a uma produção de imagens para obras audiovisuais cuja origem independe de um registro realista, ainda que o efeito pretendido sobre a platéia na maioria das vezes o seja.
A definição do que é um efeito visual, à primeira vista, é óbvia e repleta de seres fantásticos, proezas impossíveis, explosões e mortes grotescas. O efeito visual em seu sentido primeiro consiste em “efeitos artificialmente executados usados para criar impressões ilusórias em um filme” escreve Katz (1998, p.1290). Segundo Edgar Morin (1997, p.25), tentativas de produzir imagens fantasiosas usando efeitos visuais rudimentares buscando a produção de um espetáculo foram responsáveis por primeiro transformar o cinematótgrafo em cinema. Através desta expressão, Morin sugere a transformação da tecnologia antes entendida como científica e objetiva em uma ferramenta que apresentava o fantástico às suas platéias . Ou, como afirma Morin, “O cinema é talvez a realidade, mas também é outra coisa, geradora de emoções e de sonhos.” (MORIN, 1997, p.26). Estes sonhos feitos película complementaram o potencial da imagem cinematográfica como mediação para um mundo material, coerente e exterior à ela com a possibilidade de representar algo não realista nem documental, algo que só existe na imaginação e na tela e jamais existiria materialmente fora dela. A nascente indústria artística do cinema expandiu assim o potencial de suas obras e herdou um debate presente há décadas na fotografia: qual seria a sua melhor utilização? Usar a ferramenta de uma maneira mais direta e transparente ou tirar proveito de suas possibilidades de mediação e recombinação e buscar imagens antes impossíveis? Respeitar uma tradição de realismo e condenar o que se afasta dele ou buscar uma expressão específica cujos limites são ampliados pela tecnologia? Ainda que não exista possivelmente uma resposta definitiva à pergunta, os argumentos de parte a parte foram brandidos com energia. Uma forte corrente é representada por Kracauer (1960) e complementada por Bazin (in Cardullo, 2000) onde o valor atribuído a um registro fotográfico da imagem é imprescindível. Para Kracauer e Bazin importa menos o que é mostrado do que o meio usado para mostrar, sendo a ontologia da captação fundamental para o aprofundamento da ligação com o espectador. Em contrapartida, Musser (1994) e Rickitt (2000) nos apresentam um contexto prático da indústria onde filmes que incluíam truques e efeitos eram realizados desde o princípio, cativando as platéias que poderiam ou não estar cientes do acontecido. Uma vez que o gênero dos filmes de truque capitaneados por Méliès, Zecca e Blackton perdeu fôlego, os efeitos visuais passaram a ser um recurso pouco valorizado conceitualmente, ainda que de ampla aplicação e retorno. Mais recentemente, a partir de releituras dos artigos de Bazin sobre a trucagem e de reflexões sobre as novas imagens produzidas pelas tecnologias de efeitos visuais no final do século XX em diante, se apresenta um novo panorama de discussão. Nele, textos de Bukatman (1998), Jullier (1997) e Vivian Sobchack ultrapassam a dicotomia entre o que seria ontologicamente fotográfico e o que não teria tal origem, propondo um panorama onde a realidade é apenas o ponto de partida e avaliação para a imagem cinematográfica. |
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Bibliografia | ARNHEIM, Rudolf. El cine como arte 2a ed. Barcelona : Paidós, 1990.
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