ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Imagem e Imagem em Movimento: percepção e expressão |
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Autor | Ariane Daniela Cole |
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Resumo Expandido | 1. Imagem: Percepção e Expressão Em função do desenvolvimento tecnológico, que abre o acesso às tecnologias digitais de produção de imagens fixas e em movimento, estamos testemunhando o surgimento de uma nova categoria de imagens, cujos aspectos formais, simbólicos, expressivos e comunicativos apontam para novas relações cognitivas e de comunicação, com as quais estabelecemos novas relações, novos usos sociais. A imagem em movimento passa a se constituir como uma linguagem de circulação e acesso universais, portanto objeto interdisciplinar de estudos. Partimos da necessidade de refletir sobre as relações que se estabelecem entre a imagem e a imagem em movimento, e seu impacto na percepção, a partir das relações entre a pintura e o audiovisual. Inovações técnicas, tecnológicas e de linguagem, não implicam no desaparecimento de linguagens tradicionais, estas se apresentam como novas possibilidades, que se somam e se articulam, contribuindo para esta construção humana que é a cultura. Wollheim (2002) defende que para entendermos a pintura como arte e, estender esta reflexão também para o entendimento de imagens de qualquer natureza, devemos partir da perspectiva do seu autor, na medida em que ele é o espectador privilegiado, que compara o que realiza, com o que imaginava realizar. É o autor que também desenvolve suposições acerca da experiência do espectador, se a obra cumpre aquilo que intencionava, seja no plano sensorial, no plano perceptivo, ou intelectual. Entendemos o ato de criação como um processo de construção de conhecimento que se dá a partir da observação do mundo, do conhecimento armazenado na memória, da atividade da imaginação criadora, que articula teoria e práxis, coração e intelecto. O que move o criador é a necessidade de conhecimento, que não deixa de ser conhecer a si mesmo, o que implica em um entendimento do ser em todas as suas formas e aprofundamentos. E, na medida em que criamos e devolvemos esta percepção elaborada ao mundo, o investimos de novos significados, e, portanto, em conhecimento. (Salles, 1998, 2006) O olhar se inventa, se descobre e se modela através dos dispositivos técnicos (Aumont, 2004). Assim, as tecnologias podem ser compreendidas como processos de criação coletivos que buscam o entendimento da realidade, e em última instância, da subjetividade humana, que se explicita através da criação. O processo de desmaterialização da imagem radicaliza-se com as tecnologias digitais, e vem acompanhado da dissolução entre fronteiras formais e materiais, entre suportes e linguagens, onde imagens são compostas a partir de origens diversas, fotografias, pinturas, desenhos, textos, vídeo (Machado, 2002). Podemos nos referir ao vídeo como técnica, linguagem, processo, obra, meio de comunicação, imagem, dispositivo. Para Dubois (2004) o vídeo situa-se entre a arte e a comunicação, entre a pintura e a televisão, entre o vídeo-arte e o documentário, entre o cinema e a imagem digital, é entendido como passagem. Desenvolvemos estas reflexões a partir da experiência pessoal de realização de obras em pintura e em vídeo. Buscando compreender como é possível estabelecer uma interlocução entre estas duas linguagens, as relações entre as imagens e as imagens em movimento, do ponto de vista de seu processo de criação. O vídeo intitulado Neblina1 (Cole, 2007), registra o processo de criação de uma pintura em três atos, partindo da exibição de estudos para a sua realização, apresentando o seu processo de concretização e finalizando com travellings, em plano de detalhe, da mesma ( figs. 2, 3 e 4) apresentando questões sobre a representação, sobre as linguagens, cada qual com seu tempo, o tempo do autor, do espectador, do registro do instante apresentado pelos frames do vídeo; a simultaneidade das ações de gravar e pintar; dos processos de elaboração e apresentação; da relação que cada uma estabelece com seu espectador. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. 2004. O Olho interminável: cinema e pintura. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac&Naify.
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