ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | A transgreção e o ritual salvífico no cinema de Robert Bresson |
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Autor | Miguel Serpa Pereira |
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Resumo Expandido | O dinheiro, último longa-metragem realizado por Robert Bresson, tem uma singular progressão narrativa. É elaborado como se fosse um ritual litúrgico em que uma nota falsa de 500 francos torna-se o símbolo da conduta humana corroída pelo mal em contraposição do bem. Deleuze aponta essa presença do bem e do mal como inerentes ao jansenismo bressoniniano. Diz ele: “em L´argent o devoto Lucien só exerce a caridade em função do falso testemunho e do roubo que cometeu como condição, enquanto que Yvon só se lança no crime a partir da condição do outro. Dir-se-ia que o homem de bem começa necessariamente aí mesmo onde chega o homem do mal”. As trajetórias dos personagens de O dinheiro se cruzam de modo gratuito e ao acaso. É como se a mesma graça soprasse para o bem e para o mal. Ou por outra, o homem contém em si esses dois caminhos morais que não se excluem na ação humana cotidiana. Como diz ainda Deleuze, “ a resposta de Bresson é a mesma de Mefistófoles de Goethe: nós, diabos ou vampiros, somos livres para o primeiro ato, mas imediatamente escravos do segundo”. O texto vai tentar investigar como a moral capitalista, simbolizada numa nota falsa, torna-se a razão imediata, mas não última da vida contemporânea. Se os valores expressos nas ações humanas não se explicam apenas por culturas particulares, mas por desígnios sobrenaturais, Bresson encarna, em seus filmes, uma crença religiosa consistente e consagradora da vida. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As Teorias dos Cineastas. São Paulo: Papirus, 2004.
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