ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Olhar o corpo no cinema contemporâneo de Milk |
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Autor | Wilton Garcia Sobrinho |
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Resumo Expandido | Esta mesa apresenta três leituras distintas e complementares que abordam o filme Milk – a voz da Igualdade (2008), de Gus Van Sant. Trata-se de uma película representativa para as minorias sexuais porque resgata a história inaugural do movimento homossexual americano a partir de Harvey Milk – o primeiro gay assumido a se eleger como representante político nos Estados Unidos. Com isso, entrecruzam-se fatos verídicos com ficção numa narrativa cinematográfica envolvente. As três leituras pretendem aproximar e contribuir com o tema da diversidade junto aos estudos do cinema contemporâneo. Provavelmente, (re)formulam-se vertentes que compreendem experiências e subjetividades diferenciadas de estudar cinema, sobretudo do ponto de vista crítico-conceitual. São três pesquisadores de Natal, Recife e São Paulo que enveredam olhares distintos para organizar as possibilidades ver/ler qualquer temática (BHABHA, 1998). É pensar alguns aspectos contemporâneos para além de questões técnicas que tangem a aparelhagem cinematográfica dos suportes e dispositivos, cujo pano das investigações pondera as representações fílmicas acerca dos instrumentais discursivos. Em seu livro A significação no cinema (1972), Christian Metz destaca, de um lado, sobre o discurso fílmico que caracteriza o fato fílmico apresentando-se como o produto final - a obra em sua expressão exterior. Por outro, o fato cinematográfico deve ser considerado como a realização dos bastidores do cinema: o serviço da pré-produção, produção, materiais utilizados para filmagens, etc - a obra em sua expressão interior. São anotações entre forma e conteúdo que se desdobram estrategicamente diante da temática política de um cinema típico americano, o qual reflete seu próprio eixo sociocultural (STAM, 2003). A produção da narrativa do cinema americano – pra não dizer hollywoodyano - recorre ao sistema hegemônico (mainstream). Para o público, é algo fácil de reconhecer imediatamente com um percurso simples e direto entre o bem que sempre vence o mal. Na indústria de cinema americano, tudo gira em torno do volume de ingressos vendidos. Evidente que, neste filme em especial, não se trata diretamente de um engajamento militante por parte da película em stricto sensu; embora se faça permear e registrar o debate que assola a diversidade sexual/cultural naquele país e no mundo (FOSTER, 2003 e GARCIA, 2005). O tema da diversidade discutido no filme amplia o modo de expor alteridade e diferença no combate ao preconceito à discriminação, ou seja, uma manifestação do cinema num compromisso contra a homofobia. Neste caso, o papel do cinema, aqui, é atualizar/inovar as temáticas na agenda da sociedade ao tomar partido pela diversidade sexual/cultural. As diferentes possibilidades de ver/ler criticamente essa película apontam desafios conceituais – do ponto de vista dos estudos de cinema – para pesquisar o filme contemporâneo capaz de (des)envolver um diálogo crescente e efervescente com o espectador, (XAVIER, 2003). Ao assumir o traço coeso de identificação entre personagem e público, a narrativa explora instantes significativos (emblemáticos, simbólicos) que (re)configuram enlaces diegésicos. |
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Bibliografia | BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. de Myriam Ávila, Eliana L. L. Reis e Gláucia R. Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
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