ISBN: 978-85-63552-05-1
Título | Modestos, muito modestos (e também exibidos): ética e narrativa documentária em Salles e Coutinho |
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Autor | Fernão Pessoa Ramos |
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Resumo Expandido | Salles e Coutinho trabalham juntos na produtora Vídeofilmes, com alguma influência mútua. A obra de ambos se estabilizou na parceria, atingindo maturidade narrativa pouco vista em nosso cinema documentário. Apontaremos nesta comunicação um traço comum a ambos: a postura em recuo na tomada, gerando uma atitude modesta, de pouca intervenção, com relação às figuras humanas que se abrem na e pela presença da câmera na tomada. O conjunto de personagens caracteriza-se radicalmente enquanto 'outro', enquanto 'outrem', de um mundo distante de outra classe social. Não há o 'mesmo', o embate com o par, no cinema de Salles e Coutinho. 'Outrem' que se aborda com deferência e uma ponta maior (Santiago, Boca do Lixo, Notícias) ou menor (Cabra, Master) de má-consciência. É a má-consciência de classe que abre espaço para a demanda da postura modesta, ao mesmo tempo que, na posição de recuo do sujeito-da-câmera, solicita e exalta o que chamaremos de postura exibida ou exibicionista. Quem se exibe em Santiago: o cineasta ou Santiago? Quem, mergulhado na culpa, quer garantir o espaço póstumo para a exibição verdadeira de Santiago? E em Master, não é o narciso que está no deleite com as exibições obtidas? Para cada exibido, o modesto que lhe sustenta: este é o mote da tomada que marca o cinema de Salles e Coutinho. |
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Bibliografia | Ramos, Fernão Pessoa. 'Mas afinal... o que é mesmo documentário?'. São Paulo, SENAC, 2008. |