ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Em defesa de um diálogo interdisciplinar nos estudos de cinema |
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Autor | Marina Soler Jorge |
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Resumo Expandido | A sociologia da arte é uma vertente relativamente recente da sociologia. Tendo sido negligenciada pela maior parte dos sociólogos clássicos, a arte e o cinema agora tem sido objeto bastante regular de pesquisa, contando com grupos de pesquisa próprios e mesas regulares em congressos de sociologia. Muitos sociólogos começam a se dar conta de que o artefato artístico e a imagem, de maneira geral, são dimensões fundamentais da experiência cotidiana e que precisam ser estudados para que se possa compreender a sociedade contemporânea. Se as pesquisas em sociologia da arte só agora começam a circular efetivamente pelo campo científico, as tentativas de compilar os métodos e a história da disciplina são ainda mais recentes. No entanto, elas começam a surgir. Essas tentativas, não raro, se constituem como verdadeiras batalhas teóricas em torno da definição e dos métodos da sociologia da arte. De modo mais ou menos explícito os autores acusam-se uns aos outros de, por um lado, não serem suficientemente científicos, e por outro, de não darem a devida atenção ao objeto artístico. Assim, a sociologia da arte e do cinema parece encravada numa disputa entre aqueles que acreditam que é preciso utilizar os métodos clássicos de uma “verdadeira” ciência social – incluindo as pesquisas empíricas e um tratamento isento de valor a respeito do objeto artístico – e aqueles que procuram aproximá-la das disciplinas de maior tradição na análise da arte, como a estética e a história da arte, que muitas vezes não se furtam em apontar as qualidades e os limites artísticos e conceituais de uma determinada obra. De uma ou de outra maneira, o que vemos na atualidade é o crescente espaço que a arte e o cinema começam a ocupar nas ciências sociais. Pretendemos, nesta apresentação, empreender uma discussão sobre os debates teóricos travados na sociologia da arte a respeito dos métodos e das abordagens próprias dessa disciplina e estabelecer as relações possíveis entre sociologia da arte e história de arte, cuja tradição na análise do objeto artístico é certamente muito mais consolidada. Assim, pretendemos desfazer alguns mitos difundidos por sociólogos a respeito do trabalho dos historiadores da arte e tentar aproximar estes dois campos que, em nosso estágio atual de conhecimento, nos parecem tão indevidamente separados.
O cinema, negligenciado anteriormente pela história da arte – que tem uma tradição maior na pesquisa em artes plásticas e arquitetura – começa finalmente a fazer parte dos programas de curso desta disciplina. Não é raro encontrarmos historiadores da arte que se debruçam sobre o objeto fílmico tanto em suas pesquisas acadêmicas como em textos de divulgação de massa publicados em revistas e jornais. Isso nos mostra que a aceitação da “sétima arte” entre o rol das manifestações artísticas tradicionais já pode ser considerada um fato consolidado. Além disso, o vídeo tem sido ferramenta freqüente no trabalho de artistas contemporâneos. Por conta deste cenário mais ou menos recente, nos admiramos do fato de que o diálogo entre sociólogos e historiadores da arte não esteja ainda mais avançado. É preciso considerar a importância de, no caso do estudo do cinema e do objeto artístico de modo geral, prezar pela interdisciplinaridade, que nos parece ser efetivamente uma necessidade em nossa pesquisa. Não é possível, ao falar sobre arte, ignorar disciplinas afins, como a história da arte e a estética, que tem uma longa tradição de estudo deste objeto. Também não é possível, segundo entendemos, estipular de antemão um método adequado e único para uma sociologia da arte. Cada manifestação estética, como o cinema, por exemplo, tem sua linguagem e sua história específica, e esta deve ser respeitada pelo cientista social que se dispuser a analisá-la, sob pena dos resultados de sua pesquisa serem inferiores, mesmo no que diz respeito aos condicionantes sociais da obra, do que aqueles já atingidos pelos colegas historiadores da arte e pesquisadores em cinema. |
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Bibliografia | ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
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