ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A “Hollywood Rennaissance” e o cinema radical de Robert Altman |
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Autor | Antonio Marcos Aleixo |
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Resumo Expandido | O final da década de 1960 viu surgir nos EUA uma geração de cineastas que buscou afinar o conteúdo de seus filmes com as questões políticas e sociais candentes: a contracultura, a luta pelos direitos civis, a oposição à Guerra do Vietnã e ao governo Nixon, a revolução sexual, etc. Fazem parte desta produção alguns filmes que redefiniram o cinema norte-americano, como Bonnie & Clyde (Arthur Penn), Easy Rider (Dennis Hopper), Midnight Cowboy (John Schlesinger), The Graduate (Mike Nichols), The Wild Bunch (Sam Packingpah) e a própria cinematografia de Altman. O grau de inovação estética nestes filmes bem como a adoção de traços estilísticos importados das cinematografias européias modernas e a construção de roteiros a partir de temas “explosivos” estão entre algumas das características que levaram a crítica a afirmar que a “film generation” (expressão que designava os jovens cineastas recém-formados nos primeiros cursos de “cinema studies”) tomava o aparato industrial para revolucioná-lo, da mesma maneira que a geração do “faça amor não faça a guerra” acreditava estar tomando as rédeas da cultura e da política para substituir a “caretice” e a passividade de seus pais e avós. O entusiasmo com a novidade representada por estes filmes rendeu a esta geração de cineastas o qualificativo de “Hollywood Rennaissance”, ou “Renascença Hollywoodiana”.
Entretanto, o lançamento de Tubarão (Steven Spielberg), em 1975, pôs fim ao “caso de amor” entre indústria e artistas. A partir de então, o modo “blockbuster” de produção iria inviabilizar o trabalho de todos aqueles “autores” que, alguns anos antes, eram celebrados como patrimônio com grande potencial de marketing pelos estúdios. Neste intervalo de tempo, a maior parte das contribuições (temáticas ou formais) dos “autores” foi incorporada pela indústria, enquanto os artistas que estiveram por trás delas eram excluídos, um a um, do processo produtivo. Neste trabalho, partimos do pressuposto de que os “autores” tiveram uma boa dose de responsabilidade pela incorporação e neutralização da “radicalidade” de suas contribuições. Acreditamos que incorreram no erro estratégico de não se aproveitar da liberdade que o aparato lhes concedia para, de fato, modificá-lo segundo as necessidades expressivas de suas obras. Para falar como Brecht, estes artistas usaram a relativa liberdade de criação de que dispunham para alimentar o controle que o aparato tinha sobre seu trabalho, com maior ou menor consciência do “desserviço” que prestavam. Acreditamos que o trabalho de Altman é um caso à parte na “Renascença Hollywoodiana”. Após conseguir prestígio comercial com M.A.S.H. (1970), Altman teve facilitado o acesso aos meios de financiamento e produção, o que, entretanto, não criou ilusões a respeito da liberdade de seu trabalho. A clareza que Altman tinha a respeito da situação da produção “autoral” em Hollywood pode ser medida em filmes “auto-conscientes” como McCabe & Mrs. Miller (1971) e Nashville (1975). Para levar a cabo seu projeto de entender e refletir a situação da produção cultural durante o período, Altman desenvolvia técnicas e recursos estilísticos para servir às necessidades expressivas de seus filmes e não à renovação do repertório do aparato. Embora isso não lhe tenha garantido uma situação econômica mais segura do que a dos demais “autores”, os seus filmes, ao contrário do que ocorreu com a produção de seus pares, não envelheceram. Continuam negativos e radicais em relação ao aparato repressivo e podem ainda dar lições à novas gerações de cineastas. |
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Bibliografia | Biskind, Peter. Easy Riders, Raging Bulls. New York: Touchstone Books, 2003.
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