ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Documentário como representação da veracidade: minorias marginalizadas |
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Autor | Josuel Mariano da Silva Hebenbrock |
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Resumo Expandido | O presente resumo constitui uma parte do documentário “Aterro dos mortos-vivos”, o qual denuncia a violação de direitos socioambientais e discriminação no lixão Massapê na cidade de Juazeiro do Norte-Ce. Assim, o objetivo deste é mostrar a realidade vivida pela comunidade pesquisada in loco. Para tanto, utilizar-se-á como base teórica os ensinamentos do estudioso Debray (1992), por tratar da civilização da imagem com discussões acerca do conceito da imagem técnica como mediação de apreensão da realidade e, também, os de Machado (1994), pois mostra o documentário como uma ideia de veracidade. O aporte social do trabalho será embasado por teóricos que conceituam vulnerabilidade sob a égide socioambiental, pois são as bases da narrativa dos entrevistados, os quais darão veracidade tanto ao artigo quanto ao documentário. Como conclusão, esboçaram-se sugestões que nos poderão dar possibilidades viáveis de soluções.
Antes de tudo, faz-se necessário conceituar ‘vulnerabilidade socioambiental’. Nessa ordem, há a divisão do conceito em duas partes. Na primeira, fala-se da coexistência/sobreposição espacial entre grupos populacionais muito pobres e com alta privação. Na segunda, entendemo-la como a vivência dessa população carente em uma área de risco/degradação ambiental (ALVES, 2004). Para denunciar, através de imagens fílmicas, a violação de direitos socioambientais, entrevistou-se quatro catadores de lixo, moradores e trabalhadores no local, resultando assim no documentário: a) Para Galega, a única forma de democratizar o lixão seria através de uma cooperativa, mesmo a grande maioria dos catadores não estando de acordo, principalmente os que ganham mais. b) Conforme Wellington dos Santos, mais de 1.000 pessoas vivem direta ou indiretamente do lixão, e, além disso, para elas, este representa pouca ou quase nenhuma forma de violação, isto pelo fato de não conhecerem seus direitos. c) Segundo Edjane, um dos grandes problemas é a falta de água no local de trabalho e a mistura com o lixo hospitalar, impedindo-a de ganhar dinheiro, pelo receio que tem de ser infectada por uma injeção, caso trabalhe. d) Francisca afirma ser o motivo de uma grande quantidade de gente procurar o lixão como fonte de renda a falta de emprego na cidade. Daí a importância das entrevistas, pois, durante elas, essa minoria marginalizada ganhou vez e voz para denunciar, com suas próprias narrativas, o abandono e o descaso das autoridades em relação à esta comunidade. Trazendo essa discussão à realidade da comunidade Massapê, tenta-se atribuir ao poder dado ao documentário uma margem de abrangência, possibilitando a esta classe vulnerável ser ouvida e vista pela sociedade. Já as narrativas são relevantes por mostrarem a isenção do poder público, fato este a tornar os catadores incrédulos quanto ao discurso da classe política, principalmente se o tema for “cooperativa”. Nessa ótica, há discussões nas quais se afirmam partir o Estado, em geral, de um modelo uniforme, inibindo à diversidade de estruturas e à criatividade social na intervenção. Além de tudo, o trabalho ateve-se a mostrar a categoria de vulnerabilidade socioambiental em sua interface com o Audiovisual como processo denunciativo. Dessa forma, os subsídios aqui protuberantes são: ‘a identificação de áreas de risco’, tanto social quanto ambiental, ‘a subdivisão dos catadores em grupos’ e ‘as prioridades dos catadores enquanto atores vulneráveis’. Por fim, acredita-se poder acrescer a estes ‘a realização de um planejamento de políticas públicas’, ao se identificar e se caracterizar as áreas críticas. |
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Bibliografia | ALVES, H. P. F. Vulnerabilidade socioambiental na metrópole paulistana: uma análise sociodemográfica das situações de sobreposição espacial e de problemas e riscos sociais e ambientais. Revista Brasileira de Estudo de População. São Paulo, v.23, n.1, p. 43-59, jan/jul. 2006.
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