ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | O cinema contemporâneo e identidades regionais |
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Autor | Raquel Holanda |
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Resumo Expandido | O cinema contemporâneo e identidades regionais: Um estudo de caso de filmes sobre o Nordeste
O interesse pela imagem em movimento vem de muito tempo, contudo, somente no final do século XIX, graças às descobertas tecnológicas da época, inclusive com o cinematógrafo, foi possível começar a produção e circulação de filmes em maior escala. No Brasil, as primeiras atividades cinematográficas começaram por volta de 1896. Por volta dos anos 50 o termo Terceiro Cinema surge em analogia ao Terceiro Mundo , expressão que designa as nações colonizadas, possuidoras de estruturas políticas e econômicas formadas através do processo colonial. Para Paul Willemen (apud STAM, 2006) o Terceiro Cinema compreende “um projeto ideológico, ou seja, um conjunto de filmes que aderem a um determinado programa político e estético, sejam eles ou não produzidos pelos próprios povos do Terceiro Mundo” (apud STAM, 2006, p. 119). No país, o Terceiro Cinema surge junto com o movimento cinematográfico Cinema Novo, construindo noções de estética que dialogam com “correntes tão diversas como a montagem soviética, o surrealismo, o neo-realismo italiano, o teatro épico brechtiano, o cinema direto e a Nouvelle Vague francesa” (STAM, 2006, p. 119). O Terceiro Cinema é, assim, mais um integrante do cinema mundial. Contudo os anos 80, segundo Prysthon, representaram uma espécie de vácuo para o Terceiro Cinema, as questões políticas e a tematização das identidades nacionais foram quase esquecidas pelos produtores de cinema. A retomada dessas questões só se deu em meados dos anos 90, quando o imaginário político-social ressurgiu nas temáticas dos filmes, “as próprias tendências acadêmicas mundiais rumo a uma valorização do ex-cêntrico, do periférico, do marginal (BHABHA, 1998) tiveram um efeito revigorante sobre os cinemas nacionais” (PRYSTHON, 2007). Na contemporaneidade, a partir do século XXI, a produção cinematográfica do Terceiro Cinema, incluindo a brasileira, traz novas questões como os descentramentos dos sujeitos, o multiculturalismo, resguardando ainda as práticas culturais politizadas e as orientações ideológicas. Nessa pesquisa estuda-se a relação do cinema com a construção de identidades nordestinas, investiga-se como ele contribui para o processo de constituição de “um Nordeste” e de identidades regionais na contemporaneidade por meio dos filmes: Amarelo Manga (Pernambuco, 2003), Cidade Baixa (Bahia, 2005), O Céu de Suely (Ceará, 2006), Árido Movie (Pernambuco, 2006), Abril Despedaçado (Rio de Janeiro, 2001) e Narradores de Javé (São Paulo, 2003). A escolha do corpus justifica-se num fato importante de colocarem o Nordeste, o nordestino e a nordestinidade como fatores principais de suas produções. A seleção de filmes dirigidos por nordestinos e também por diretores de fora dessa região se deu para tornar possível o diálogo entre essas obras que se passam num mesmo espaço geográfico, mas que constroem relações bastantes diferentes e particulares com este espaço. Com esses olhares singulares sobre uma mesma região é possível conhecer as características estéticas desse cinema contemporâneo feito sobre o Nordeste e os nordestinos. A proposta desta pesquisa, que ainda está em andamento, é analisar como são propostas e construídas as identidades nordestinas em filmes que possuem o Nordeste como espaço cinematográfico, contrapondo as produções feitas por cineastas da região às dirigidas por cineastas de outras regiões do Brasil. nordestinos. E a partir daí, conhecer as características estéticas desses filmes. Como suporte teórico, acredita-se que o aporte teórico dos Estudos Culturais contribua para a análise da articulação entre cinema e identificação cultural num eixo que discute a cultura da mídia como um cenário de lutas, colocando a cultura no âmbito da teoria da produção e reprodução social, dando fundamentos para a compreensão das modificações pelas quais passam à sociedade e a cultura. |
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Bibliografia | ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz. A invenção do nordeste e outras artes. Recife: Massangana; São Paulo: Cortez, 1999.
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