ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | A imagem nas mãos: o documentário “a bola rola” a partir de telefones celulares |
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Autor | Denis Porto Renó |
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Resumo Expandido | A comunicação audiovisual passa por alterações, assim como a sociedade que consome tais manifestações artísticas. Ao mesmo tempo, alteraram-se as fontes de produção audiovisual, anteriormente realizadas por processos fotoquímicos, e em seguida por dispositivos digitais, mas ainda uma câmera. Contudo, com o desenvolvimento da tecnologia dos dispositivos de telefonia móvel, novas formas de produção foram desenvolvidas, a partir destes dispositivos tecnológicos.
Outra alteração com relação à produção está na forma de edição, pois alguns destes dispositivos móveis oferecem a possibilidade de realizar este processo diretamente no aparelho, através de softwares especificamente desenvolvidos para estas plataformas. Da mesma forma, alterou-se o espaço para exibição, que antes se limitava ao cinema e à televisão. Agora, é comum observar a exibição de produtos audiovisuais a partir da internet (MANOVICH, 2005; RENÓ, 2010), em espaços provenientes da web 2.0, onde destaca-se o YouTube. A partir destes dispositivos móveis, é possível publicar as obras audiovisuais diretamente nestes espaços, e também assisti-los no próprio aparelho. Porém, tais ambientes exigem características estéticas provenientes das próprias limitações espaciais, como o tamanho da tela de exibição (RENÓ, 2010). Por este motivo, deve-se desenvolver enquadramentos que atendam a estas limitações (BEDOYA & FRIAS, 2004) e ofereçam ao espectador uma visualização da obra. A definição de um enquadramento coerente com o espaço de exibição é fundamental, ainda mais se considerarmos as diversas metragens oferecidas. Quando este espaço limita-se a uma micro-tela, como o telefone celular, estas fronteiras tornam-se ainda mais presentes. Para tanto, deve-se explorar mais os ângulos de tomada que mais aproximam a imagem da tela, o que compensa as limitações métricas destes dispositivos, assim como o respeito a estes princípios na hora de se aplicar um texto ou símbolo. O mesmo vale para questões relacionadas ao som, pois tais dispositivos possuem limitações de volume. Portanto, é fundamental explorar as imagens a partir de movimentos de travelling em tracking in (BEDOYA & FRIAS, 2004), abrindo mão do zoom ótico. A partir deste artigo, que considera a mobilidade e o fim das fronteiras físicas (AUGÉ, 2007) como motivações para o desenvolvimento deste estudo, proponho, através de experimento, com base no método quase-experimental (RENÓ, 2010, p.42) com uma amostragem aleatória e por conveniência, a definição de parâmetros estéticos para obras produzidas totalmente a partir de dispositivos de telefonia móvel, utilizando, para tanto, um equipamento iPhone 3GS com software de edição Reel Director. Para tanto, produzi um documentário curta-metragem intitulado “A bola rola”, sobre o envolvimento da sociedade com o futebol em ano de copa do mundo, e publiquei-o totalmente a partir do dispositivo de telefonia móvel, e propus, a partir de um questionário, a avaliação desta obra como viável, tanto no campo da operação como no quesito exibição. Foram entrevistados 50 participantes, que responderam, em seguida, um questionário de seis perguntas atestando o resultado final do processo. Com o resultado deste estudo, espero oferecer aos interessados no tema condições para produções artísticas e/ou acadêmicas no campo do que algumas linhas teóricas definem como microcinema, também definido neste trabalho como cinema de bolso. O conceito, apesar de pouco difundido no campo acadêmico, está presente na sociedade contemporânea, onde torna-se corriqueiro produzir obras a partir destes dispositivos, ou mesmo assisti-las nos mais diversos ambientes. Não se trata de um formato substituto aos clássicos formatos cinematográficos, mas a proposta de um vislumbre a um novo formato, contemporâneo e crescente no campo da produção artística audiovisual, onde o espectador passa a ser também um manifestante artístico, reordenando as teorias da comunicação tradicionais. |
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Bibliografia | AUGÉ, Marc. Por una antropologia de la movilidad. Madri: Gedisa, 2007.
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