ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Voyerismo, caos urbano e estética noir: o caso Weegee |
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Autor | Marcos Fabris |
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Resumo Expandido | O repórter fotográfico norte-americano Arthur Fellig (1900-1968), conhecido por “Weegee”, esforçou-se para criar uma persona que, em meados dos anos quarenta do século XX, de fato representou tudo o que seu trabalho artístico-fotográfico pretendia figurar: o caos da cidade moderna, essencialmente a Nova York do período em todas as suas nuances, inclusas a violência e a paixão. Quando o livro Naked City, seu trabalho mais famoso e bem-sucedido, foi lançado em 1945 a crítica o recebeu como uma obra prima. No ano anterior Weegee já tinha proferido palestras no MoMA de Nova York e a publicação de Naked City motivou uma exposição de mesmo nome no museu, elevando-o instantaneamente ao panteão da grande arte. O até então desconhecido Weegee, fotógrafo de tablóides sem prestígio que no verso de cada uma de suas imagens insistia em carimbar os dizeres “crédito da imagem: o famoso Weegee”, tornou-se de fato famoso. Naked City seria filmado pelo diretor norte-americano Jules Dassin em 1948, transformando-se no marco do que posteriormente se conheceria como “cinema naturalista americano”. O livro também inspiraria uma série televisiva de grande sucesso baseada no filme. Weegee era agora reconhecidamente um “artista”. Mas que tipo de arte produzia e quais eram suas matrizes?
Em seu Naked City, o fotógrafo nos propõe um city tour bizarro pela cidade de Nova York: edifícios em chamas, resgates heróicos, a prisão de prostitutas e travestis, flagrantes de delinqüentes, cadáveres de criminosos ou de gangsters ao relento, desfiles e concertos, reuniões coletivas de toda sorte, a vida nos cortiços e cabarés do Lower East Side de Manhattan, furtivos amantes em cinemas e parques, ou seja, tudo que inspirasse ou cultivasse a idéia do sensacional, do sanguinolento ou do absurdo que tornara-se a vida na grande metrópole. Tais imagens estabelecem um diálogo direto com a estética que é marca do gênero noir do período, também porta-voz, no cinema, da distopia que se tornara o cenário urbano. Esta comunicação pretende iniciar uma reflexão sobre alguns dos aspectos formais da obra de Weegee, tomando as fotografias do livro Naked City como ponto de partida para discuti-las no âmbito da estética noir. |
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Bibliografia | BERGALA, Alain. Weegee and Film Noir. In BARTH, Miles. Weegee’s World. Boston: Bulfinch Press Book, 1997.
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