ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | The West Wing: análise dos recursos estéticos do episódio piloto |
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Autor | Regina Lucia Gomes Souza e Silva |
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Resumo Expandido | Podemos afirmar que ficção televisiva americana The West Wing (1999-2006) produzida pela emissora NBC, teve uma repercussão considerável no meio jornalístico e até mesmo no meio acadêmico. Ao longo de suas seis temporadas a série escrita pelo consagrado roteirista Aaron Sorkin, ganhou vários prêmios Emmy e gerou críticas, artigos e muita polêmica não somente nos EUA como em outros países. No Brasil, a ficção foi exibida pelo Warner Channel motivando críticas na Folha de São Paulo e até na revista de cinema Contracampo.
De um modo geral a crítica acolheu bem The West Wing, destacando sobretudo a qualidade do elenco e do roteiro com forte tendência à descrição do enredo e à discussão sobre as temáticas exploradas na série. Entretanto, muito pouco se tratou sobre os aspectos formais constituintes de sua estética e de como esses aspectos harmonizavam-se com os temas políticos abordados pela ficção de TV. A proposta desta comunicação é suprir esta lacuna e lançar luz à reflexão acerca de certos elementos audiovisuais (cenários, movimentos de câmera, planos, mise-en-scène e música) visíveis já no episódio piloto The West Wing. Uma das principais características desta narrativa seriada é a constante atualização do roteiro, pautado por referências à “vida real” e aos acontecimentos históricos recentes da política americana. Outra marca distintiva é a conexão dos âmbitos profissional e pessoal, vivida pelos personagens principais. Os assessores do humano e falível presidente Josiah Bartlet não têm tempo para viver suas vidas privadas a não ser no próprio ambiente de trabalho, atitude plausível para os cargos que ocupam e que reforça o realismo da narrativa e a aproximação emocional com o público. Estas especificidades, observadas no episódio piloto, se coadunam com o emprego constante do plano sequência que funciona como elo de ligação entre as cenas em que os ocupados personagens caminham pelos corretores a andar e falar simultaneamente. A costura aqui não precisa de muitos cortes. Os cenários da ala oeste da Casa Branca são recheados de vidros cuja transparência evoca um desenho visual para que o espectador sempre observe o que está acontecendo em vários ambientes ao mesmo tempo. O roteiro com sua força estética nos leva a variados temas e, neste episódio em especial roteirizado por Sorkin e dirigido por Thomas Schlamme - a questão da imigração e do asilo político para cubanos; a preocupação com a direita conservadora cristã e o tema da liberdade de expressão - cria um conjunto coeso na narrativa presente nos diálogos e nas imagens dos personagens andando e conversando apressadamente pelos corredores, tornando-se numa espécie de rubrica visual da série. Vale mencionar ainda a grande atuação do elenco que se vale dessa tática de conversação, Walk and talk, como um benefício dramatúrgico, uma vez que a relação câmera-ator é mais longamente expressiva do que o corte rápido da edição. Para Greg Smith (2003), Sorkin e seu diretores parceiros, usualmente optam por quebrar cenas simples em "mini-cenas" dramáticas em que as tramas não estão necessariamente relacionadas uma a outra, mas partilham o mesmo tempo e espaço. Smith considera que os planos em steadicam funcionam para dar coerência a vários trechos dos diálogos. Os planos criam o interesse visual e fornecem energia a representação política traduzida numa unidade imagética que contrabalança com os trechos verbalmente fraturados. O tom patriótico da música prevalece e a melodia é usada como ferramenta facilitadora de fixação das mensagens cívicas, com certo apelo emocional, ancoradas por uma iconografia (imagens de símbolos americanos) que sempre marca a abertura e o desfecho dos episódios. Enfim, concluímos que o manejo de certos recursos estéticos no episódio consolida a identidade visual da série e, sobretudo, avigora a comunhão entre os recursos formais e o projeto, de certo modo pedagógico, de exibir os bastidores do modo de fazer a política liberal da esquerda americana. |
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Bibliografia | AUMONT, J.; MARIE, M. Análisis del film. Barcelona: Paidós, 1993.
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