ISBN: 978-85-63552-06-8
Título | Imagens do passado: noções e usos contemporâneos |
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Autor | Henri Arraes de Alencar Gervaiseau |
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Resumo Expandido | Nesta comunicação, partimos do pressuposto, similar ao de Sarlo (2007), de que no curso da história contemporânea, os meios de expressão e de comunicação audiovisuais têm um peso crescente no processo de construção das lembranças dos sujeitos.
Nos propomos a abordar, neste contexto, algumas das questões que o uso das imagens de arquivo coloca. Após lembrar que a designação de qualquer vestígio material ou objeto físico enquanto arquivo é fruto de um trabalho prévio de classificação e/ou identificação, examinaremos uma série de questões especificas que surgem quando lidamos com a classe especial de arquivo que a imagem de arquivo constitui. Veremos que a noção de imagem lacuna proposta por Didi-Huberman (2003) aponta para a relação fragmentária da imagem com a verdade da qual é testemunha. Mas que esta noção, simultaneamente, ressalta a potência intrínseca das imagens de arquivo, enquanto vestígios efetivos, mesmo que lacunares, da experiência humana. Em seguida buscaremos sistematizar alguns dos comentários do autor acerca do que poderíamos, a partir de suas observações, denominar de fenomenologia da tomada. Indicamos que nesta abordagem se busca uma apreensão não apenas da informação visível mais evidente que a imagem de arquivo contém, mas ainda do acontecimento visual que esta imagem constitui, através de um exame da configuração espacial e temporal que tornou possível o seu registro. Examinaremos de que modo a montagem produz uma singular legibilidade das imagens, para Didi-Huberman, através do uso seqüencial de imagens de arquivo, associadas a fontes oriundas de outras matérias de expressão, tais como a musica, testemunhos contemporâneos ou retrospectivos, que sejam escritos ou falados, entre outros. Indicamos que neste contexto, a montagem cinematográfica, pode alcançar uma potência maior, quando, em vez de se restringir a linearidade da sucessão temporal, procura trabalhar a heterogeneidade da substância temporal. A qualidade heurística das noções propostas por Didi-Huberman, ou retomadas por ele de outros autores, será demonstrada através da referência constante, no curso da comunicação, a algumas estratégias diferenciadas de utilização de imagens de arquivo em diversos ensaios audiovisuais e filmes documentários contemporâneos tais como Cabra marcado para morrer (1984) de Eduardo Coutinho, Videogramas de uma revolução (1992), de Harun Farocki e Andrei Ujica, e Histoire (s) du cinéma (1989-1998) de Jean-Luc Godard . . |
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Bibliografia | Benjamim, Walter: Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. SP: Brasiliense. 1987
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